Mushoku Tensei: Jobless Reincarnation estreou em janeiro de 2021, e já desde sua estreia se notabilizou por sua bela arte, tanto nos personagens, nos ambientes, quanto nas animações de magia e de lutas. A primeira temporada contou com 23 episódios (divididos em 2 partes) e conta a história de um adulto hikikomori de 34 anos que, após a sua morte, reencarna como um bebê recém-nascido em um mundo de fantasia medieval. Agora ele, crescendo como Rudeus Greyrat, tem uma oportunidade de uma nova vida, aprendendo magias e vivendo aventuras, podendo tomar novas e diferentes decisões de vida.
Um dos maiores méritos de Mushoku Tensei é não ter pressa em desenvolver seus personagens e apresentar o mundo de fantasia do anime. Temos ambientações lindas que constrói o mundo fantástico e suas nuances, geralmente junto com uma bela trilha sonora. Nesse quesito o Studio Bind está de parabéns pela tamanha qualidade artística envolvida na produção de seu primeiro grande trabalho. Tudo dentro de um tom contemplativo, propositalmente elaborado. Assim como os personagens. Chega a espantar notarmos quantos personagens conhecemos sem fazer muito alarde, e quase todos com sua própria relevância na trama e carisma. Os pais de Rudeus, Silphiette, Eris, Ruijerd, Roxy entre outros, evidenciam a boa qualidade narrativa do anime. Porém o destaque maior, o que é de se esperar, é do protagonista e sua jornada.
Acompanhamos Rudeus Greyrat desde seu nascimento (até antes deste momento, inclusive), e conhecemos esse novo mundo com ele. Ainda mantendo sua consciência da vida anterior, Rudeus já é uma criança de grande inteligência e habilidade de elaboração. E isso o faz especial naquele mundo, pois com sua capacidade de aprendizado e foco desde sua tenra infância ele se torna um mago de nível avançado aos 5 anos de idade. E com o desenrolar da história, sem pressa, vamos conhecendo a história por trás de Mushoku Tensei, sua mitologia, seus deuses. E junto a isso percebemos também a profundidade de reflexão da obra.
Homeopaticamente notamos que Rudeus não só está vivendo uma nova vida, como também está se aprofundando e refletindo sobre seus traumas da vida passada. E com isso o anime elabora uma questão mais profunda sobre o próprio conceito de reencarnação. Não que Mushoku Tensei tente doutrinar sobre o tema, não é isso. Mas desenvolve a ideia sobre resignificar acontecimentos e tirar alguma coisa disto além do trauma. Como um antigo hikikomori (adulto que se privou da vida social) Rudeus passa por momentos chaves para superar antigas barreiras em sua nova vida. Bem, isto com certeza será mais desenvolvido nas próximas temporadas, que ainda não foram confirmadas oficialmente.
Como dito antes, Mushoku Tensei não tem muita pressa em contar a sua história. E isto pode ser uma espada de dois gumes pois há uma certa vagarosidade no avançar dos acontecimentos do anime. Os momentos em que isto é mais sentido são quando Rudeus está a ensinar magia a Eris e a Ghislayne e também quando, sob o título “Dead End“, se juntam com superd Ruijerd como aventureiros enquanto viajam até o continente central. Alguns podem reclamar, mas esses momentos contribuem muito para a ampliação do mundo fantástico ali, como também para o desenvolvimento maior dos personagens: a mudança da Eris (de uma mimada para uma aventureira), o aprofundamento de Ruijerd (desmistificando a má fama de seu povo) e o balanceamento da índole de Rudeus (que ainda detém uma certa malícia de sua consciência de 34 anos). É bom assistirmos um anime que tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e que os acontecimentos não saiam brotando a cada segundo sem nenhum peso dramático (como em Nanatsu no Taizai).
Já estou ansioso para testemunhar o crescimento de Rudeus nos próximos anos de Mushoku Tensei. Há fontes que dizem que a segunda e a terceira temporada já estão confirmadas. A minha torcida é apenas para que novos episódios cheguem o quanto antes. Enquanto não chega, aproveitemos esta linda temporada de estreia que sem dúvidas, por sua espetacular arte e história, é garantido um dos melhores animes de 2021.
Análise
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Nota