Para a xenofobia, vidas estrangeiras estão destinadas à exclusão social.  Uma forma de combater esse tipo de preconceito é se permitir ter um novo olhar em relação ao outro, como ocorre em Todo mundo é misturado, da escritora Beth Cardoso.

Na trama, conhecemos o boliviano Pablo, o novo colega de classe de Júlia. Curiosa, ela logo quer saber mais sobre ele, mas seus colegas de classe não têm uma opinião tão favorável sobre o aluno novo que veio de longe. Com isso, uma série de mal-entendidos e palavras trocadas em português e espanhol armam um cenário nada amigável para o menino, o que a motiva a ajudar o novo amigo e fazer todos entenderem a situação a partir de um novo ponto de vista.

Destinado à um público na fase da adolescência, Todo mundo é misturado possui uma experiência muito tranquila de leitura e, por isso, não há em seu conteúdo palavras muito rebuscadas ou temáticas complexas. Contribui também o fato da autora utilizar uma linguagem leve e concisa, o que permite ao leitor absorver com facilidade o enredo como um todo.

Outro ponto que se destaca é a evolução de Julia. Ela é curiosa, determinada em aprender sobre outras culturas e evolui no seu processo de entender quem é diferente dela. Desse modo, se torna um exemplo para muitas pessoas que ainda não se permitiram ter essa mesma adaptação em relação ao outro.

Por último, fica um elogio sobre como Beth Cardoso dá importância para a atuação do professor no combate ao preconceito. Em seu livro, a sala de aula ganha um papel fundamental em que esse profissional se torna um fator determinante para estimular a pesquisa sobre o próprio passado e a busca pelo conhecimento, caminhos que se tornam um terreno fértil para a coexistência pacífica da diversidade de culturas presentes em território nacional.

Abordando questões como ancestralidade, miscigenação e tolerância, Todo mundo é misturado tem muitos aspectos positivos e se mostra como uma obra que possui uma mensagem necessária a ponto de se tornar uma lição a ser aprendida não apenas pelos jovens, mas por pessoas de todas as idades.

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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