Fui o enviado do Tarja Nerd para cobrir a Spoiler Night, que é um dia antes do evento inicial onde a CCXP abre suas portas para a imprensa e para aqueles que adquirem os quatro ingressos do evento oficial. Entretanto os credenciados pela imprensa entram uma hora antes da abertura oficial. Assim que entrei na área do evento fui logo para a região reservada aos quadrinistas. Não esperava encontrar ninguém lá e nem imaginar que haveria muitos artistas, justamente por se tratar da Spolier Night, mas eu estava enganado.

Para quem não sabe Denys Cowan, junto com Dwayne McDuffie e John Paul Leon, foram os criadores do personagem Super Choque que você certamente assistiu no SBT em algum momento da vida. O programa era relacionado com o desenho da Liga idealizado por Bruce Tim. O personagem foi extremamente relevante nos quadrinhos, pois no meio do terror criativo dos anos 90 surgiu um personagem inovador, socialmente relevante e que aborda questões sociais sérias em quadrinhos de super herói. O desenho animado suavizava um bocado dessas questões, mas ainda sim era bem ousado até para os padrões de hoje.

E lá estava eu bem de frente para Denys enquanto ele arrumava sua mesa com prints e as canetas para autografar. Além do Super Choque, o que já seria o suficiente, ele também fez uma excelente saga do Questão, Arqueiro Verde, Batman e está presente no recente encadernado do Exterminador da DC Renascimento. Fiquei tão animado ao vê-lo ali que nem pensei duas vezes e já perguntei se poderia fazer uma rápida entrevista. Acabei interrompendo sua arrumação, mas ele foi extremamente simpático e concordou em trocar umas palavrinhas rápidas comigo. Segue aqui minhas perguntas e suas respostas.

Raul: Você tem ideia do quão famoso é o seu personagem Super Choque, é assim que o chamamos no Brasil, por aqui?

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Denys: Eu não tenho a menor ideia. Ele é?

Raul: O personagem se tornou muito popular devido a sua adaptação em desenho, mas aqui no Brasil ele passou por anos em repetição. Varias gerações diferentes tiveram contato com ele, devido a uma rede de TV aberta que passa o desenho.

Denys: Sério? Até Hoje?

Raul: Possivelmente passa e mesmo que não passe, ele retorna à programação de tempos em tempos.

Denys: E vocês o chamam de Super Choque? (risadas). Eu nem tinha ideia de que ele era se quer conhecido aqui no Brasil.  

Raul: Você acha que seu personagem pode ter uma relevância maior em países que possuíram um histórico de escravidão?

Denys: Em países onde os negros são minorias sociais, como o Brasil, é muito importante ter um personagem como Static, ou Super Choque como vocês chamam, pelo simples fato dele ser negro. Mas isso não é o bastante. Não basta só ele ser visualmente parecido com os leitores, ele precisa agir, falar e até andar como seus leitores. Ele é um personagem negro não só em sua pele, mas em como ele age, se comporta e o que ele faz. Por isso acho que ele tem um grande impacto aqui e em outros lugares.

Raul: De fato, pois diversos amigos e amigas negras sempre demonstram um carinho e interesse pelo Super Choque, mas nem sequer gostavam de quadrinhos ou de super heróis.

Denys: Exatamente. Existem diversas pessoas assim, e eu acho isso ótimo. Além de trazê-las para o universo dos quadrinhos, o Static faz isso mostrando que essa arte pode ser um espaço dos negros. E mesmo que elas não passem a ler os quadrinhos eu me dou por satisfeito, pelo simples fato delas gostarem dele pelo o que ele é e representa.


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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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