Sabemos que a prática dos Crossovers sempre foi bastante comum. Desde épocas remotas, as produtoras promoviam os super-encontros de suas próprias franquias, como os Super Amigos/Liga da Justiça, Vingadores, até os famosos crossover da década de 90 entre as próprias produtoras, onde vimos franquias ícones da DC e da Marvel entrando em ação juntos, mas não necessariamente no mesmo time. Os leitores sempre levantaram uma certa discussão entre si, tentando estabelecer quem ganharia um suposto encontro entre personagens de editoras diferentes, coisas do tipo: “ah, se esse personagem enfrentar aquele com certeza acontecerá isso, ou aquilo, etc.” E muita das vezes esses confrontos dentro desses crossovers vêm para nos brindar e matar a vontade de ter sua suposição e imaginação correspondida. Porém, isso algumas vezes só faz aumentar a discussão entre os conflitos outrora só imaginados nas mentes de tais leitores. Quem ganharia, Wolverine ou Batman? Hulk ou Superman?
O grande evento dos crossovers veio na década de 90, mais precisamente em 1996. Quando as duas entidades, conhecidas como Universo DC e Universo Marvel, se dão conta da existência uma da outra. Eles desafiaram um ao outro a uma série de duelos que envolveram os super-heróis de seus respectivos universos, e o universo perdedor deixaria de existir. Porém muita discussão envolveu tais duelos pois alguns deles foram determinados pelos votos dos fãs, e apesar da Marvel ter obtido mais votos, o quadrinho não determinou um universo ganhador. E não obstante a isso, desse evento surgiu um novo universo temporário – e bizarro – chamado “Amálgama“, e dentro dele o ainda mais bizarro personagem Dark Claw (uma fusão de Batman e Wolverine).
Outros grandes – e não tão interessantes – crossovers já foram feitos ao longo da história e apesar da falta de relevância de muitos deles, sempre levantaram a expectativa de seus adeptos. Já tivemos em 1994, Batman & Spawn – reunindo Frank Miller e Todd McFarlane nas hqs – O Surfista Prateado & Lanterna Verde em 1995, X-Men & Novos Titãs em 1982, Batman & Capitão América em 96, O Incrível Hulk vs. Superman em 1999. Até o interessante porém esquecível encontro de grandes vilões já aconteceu: Darkseid vs. Galactus, O Devorador, que foi lançado no ano de 1995. A recepção dessas obras nem chegaram perto da enorme expectativa criada em torno desses encontros que geralmente são pontuais, sem reflexos nas sequências das Hqs solos de cada personagem, mas é inegável que de certa forma acabou agraciando a curiosidade de alguns, e alavancando mais um pouquinho as vendas de Hqs que sempre se mostraram muito oscilante ao longo do tempo – ao ponto de termos o absurdo embate entre o popular boxeador, melhor do mundo à época, Muhammad Ali vs. Superman em 1978.
Ok, nada de muito produtivo surgiu com isso. Porém criou-se um fórmula mercadológica no universo dos quadrinhos para causar notícias, repercussão e também uma maior divulgação de suas história. Imagine um personagem pouco conhecido do grande público tendo um arco enfrentando o Superman, Batman ou o Homem Aranha. Indiferentemente de quem sairia ganhador deste confronto, o personagem desconhecido seria alavancado em termos de popularidade. Mesmo com uma história tola e não canônica, até porque percebe-se, pelo histórico de tais crossovers, que ninguém de dentro da indústria está se importando muito com isto mesmo. E recentemente essa prática tem sido notoriamente aplicada com mais frequência.
Em 2016 pipocaram inúmeros anúncios de novos crossovers, mais até do que o normal, culminando no anúncio do curioso encontro de Liga da Justiça vs. Power Rangers, programado para 2017 – o que será que podemos esperar deste embate? Juntando-se à grandes franquias do passado, como vários personagens do universo Hanna-Barbera, He-Man e Thundercats, que tiveram seus direitos adquiridos pela DC e portanto suas histórias veiculadas em suas páginas, Power Rangers contará com tal crossover para que todos conheçam a nova era dos quadrinhos da franquia, que também contará com um longa-metragem em 2017. A DC também anunciou, como já referenciado neste texto, uma linha de crossover de seus personagens conhecidos com desenhos da antiga Hanna-Barbera, como o Space Quest (Space Ghost e Jonny Quest).
E com tudo isso, alguns embates outrora inimagináveis vieram à tona recentemente. Tivemos Universo DC vs. Os Mestres do Universo (que você pode conferir o review aqui), provocando o confronto entre dois heróis famosos e especiais, He-Man e Superman, que “recolocou” Os Mestres do Universo no mapa, mesmo que de uma forma um pouco peculiar. E agora se aproveitando mais uma vez da estratégia dos grandes encontros, a DC lançou o recente crossover entre Os Mestres do Universo & Thundercats, duas grandes animações símbolos dos anos 80 que tentam recuperar um pouco de suas notoriedades através dos quadrinhos combinados com o saudosismo de seus fãs. E muito se foi falado desse encontro nas “interwebs” através de uma manchete: “He-Man morre no primeiro volume de Mestres do Universo & Thundercats“. E isso gerou uma enorme repercussão, não só pelo acontecido – que não aconteceu – mas também pela notícia do crossover que era de desconhecimento de muitos – e que acompanharemos e faremos um review ao final da série.
Além desses clássicos cruzamentos entre produções e gerações, que tivemos e ainda temos, surgiu mais um embate em dezembro de 2016, mas agora dentro de uma mesma editora, porém cruzando interesses, agora mercadológicos. Inumanos vs. X-Men, o conflito que transpassa as páginas de quadrinhos e resvela nas produtoras de cinema Disney e Fox, cujo o review você também pode conferir aqui. Entretanto neste crossover há expectativas de que mudanças e influências no universo de ambos os grupos em atrito possam acontecer, devido justamente a esses interesses cinematográficos.
Fica aqui a nossa expectativa para tais embates e encontros, e que enfim eles possam acrescentar algo relevante às franquias e que também possam continuar alimentando o nosso imaginário fértil e ingênuo.
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