Logo no inicio do mês de março tivemos o já tão conhecido Dias das Mulheres. Por esse motivo, torna-se oportuno produzir conteúdo voltado para o feminino já que muita atenção está voltada para esta pauta no momento. Claro que isso não significa uma regra de fato, pois discussões pertinentes a isso podem (e devem) ser feitas sempre e não apenas em uma época especifica do ano. Aliás, desde o começo deste coluna já comentei sobre a representatividade da mulher nos quadrinhos e nas séries de TV inspiradas em HQs além de indicar algumas obras produzidas por escritoras nacionais. No entanto, acredito seja interessante falar sobre o papel da literatura (e da mídia envolta dela) nesse contexto.
Um ponto importante são as personagens femininas. Procuro sempre enfatizar e valorizar o fato de que cada vez mais hoje em dia o público não aceita o tipo “donzelas em perigo“. Claro que ainda existem exceções daquelas bem infelizes, mas não vamos falar sobre elas aqui e sim destacar algumas heroínas dos livros. A primeira que venho citar aqui é Annabeth Chase. Ela nasceu na série “Percy Jackson e os Olimpianos“, do escritor Rick Riordan. Para quem não a conhece, segue uma rápida explicação. A personagem é uma semideusa e filha de Athena, a deusa da sabedoria na mitologia grega. Talvez só por isso, alguns já poderiam considerá-la como um personagem forte. No entanto, a sua força vai além disso. Como a série criada por Riordan têm vários livros publicados, além de continuações e participações de seus personagens em outras de suas histórias, os leitores têm a oportunidade de acompanhar o crescimento de Annabeth e perceber que mesmo não sendo a protagonista ela tem muita importância na trama geral. Esse detalhe é muito importante pois dá a oportunidade de formar um público que vê nela um simbolo de empoderamento feminino, assim como tantos outros. Nos cinemas, apesar da falta de habilidade do estúdio em adaptar os livros, ela foi interpretada pela atriz Alexandra Daddario.
Outro grande exemplo é o caso da Katniss Everdeen de “Jogos Vorazes“, da série de livros criada por Suzanne Collins. Assim como muitas pessoas, conheci a personagem através dos filmes estrelados por Jennifer Lawrence e depois pelos livros. Nesse caso, vale uma breve (e para alguns, polêmica) comparação entre o material original e a adaptação. Infelizmente, só consegui ler o primeiro livro e com muita dificuldade. Achei a escrita da autora maçante e pouco atrativa, apesar do conceito da história distópica ser muito interessante. Por outro lado, os filmes contam a saga de Katniss de modo muito mais interessante. Obviamente, nem tudo é perfeito. Mas mesmo assim, não se pode negar ou até mesmo desmerecer o sucesso dessa franquia. Trata-se de um trabalho que apresenta um heroína representativa em um contexto revolucionário, algo que com certeza não pode passar batido.
Saindo um pouco da ficção de aventura e indo para um estilo mais Jovem-Adulto, fica também aqui a dica de um dos maiores sucessos de John Green: “A Culpa é das Estrelas“. Na história, somos apresentados à uma adolescente com câncer que lida com questões como relacionamentos e sonhos enquanto se depara com a fragilidade da vida. Sem sombra de dúvida, este livro emocionou muita gente pois nele Green soube criar uma personagem forte com sensibilidade e criatividade. É de se admirar como ele apresenta sua protagonista, Hazel Grace, sem clichês ou recursos narrativos preguiçosos. O mesmo pode ser dito da adaptação que conta com a atriz Shailene Woodley no papel principal. Sobre isso, recomendo a resenha escrita por Mozer Dias e, é claro, o Leituracast onde comentamos o livro e o filme.
Enfim, encerro este artigo afirmando que sempre será um prazer falar sobre personagens tão fortes e distintas. Penso que com exemplos como esses a expressão “uma ótima época para ser nerd” pode ser aplicada também ao público feminino.
Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast.
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