[authorbox authorid=”8″ title=”Texto por:”]
Olá pessoal, sejam muito bem-vindos a coluna Olhar Literário. Nesse espaço, irei compartilhar com vocês reflexões sobre literatura de um modo geral (entenda-se também quadrinhos), mas sob uma ótica diferente. O primeiro texto será uma comparação entre Norman Osborn, um dos maiores vilões do universo Marvel, e o futuro presidente americano: Donald Trump.
A obsessão pelo poder sempre esteve bem representada nas histórias em quadrinhos, assim como outros temas relacionáveis como a corrupção e a ganância. Há também o medo em relação aos vilões obtendo a sua tão sonhada vitória frente aos heróis. Pensando nisso, se torna interessante lembrar de um grande evento da Marvel Comics chamado Reinado Sombrio. Publicada aqui no Brasil pela Panini em 2010, a saga mostrava um novo status quo onde quem detinha o poder era Norman Osborn, também conhecido como Duende Verde, o clássico inimigo do Homem-Aranha. Após ser visto em rede nacional eliminando uma rainha alienígena que ameaçava a terra, o ex-empresário ganhou a confiança da população americana e se tornou responsável pelos Vingadores e pela SHIELD. Nos quadrinhos, Osborn é considerado por muitos membros da comunidade heroica, um homem totalmente desequilibrado e insano, entre uma série de adjetivos nada agradáveis. Desse modo, se faz interessante traçar um paralelo entre ele o futuro presidente dos EUA: Donald Trump.
A comparação pode parecer estranha ou até sem sentido para algumas pessoas. No entanto, o fato de ocorrer algo até então apenas imaginado em um episódio dos Simpsons pode fazer com que muitos de nós duvidemos da relação entre realidade e ficção. Apesar de ser um produto de consumo, uma HQ pode (e deve) servir como ponto de partida para discussões mais sérias a respeito da realidade. Afinal, todo produto de ficção nada mais é do que um reflexo do seu tempo. Sendo assim, por mais absurdo que pareça, a ideia de comparar as figuras de Osborn e Trump se torna algo até aceitável. Por exemplo, uma das mais diversas críticas a respeito das propostas de campanha do republicano era a exportação em massa de imigrantes, algo que sempre era propagado com um tom de exacerbado nacionalismo. Mesmo com as críticas, ele teve muito apoio. O mesmo também ocorreu quando Norman Osborn, então considerado um herói nacional, convenceu as autoridades do governo a lidar com a questão mutante forçando a saída daqueles que considerava perigosos para os seus planos.
Outro exemplo bem curioso que também se relaciona com a questão da imigração é a forma como o vilão na saga posterior, O Cerco, tentou consolidar seu poder ao tentar expulsar o reino de Asgard que, em dado momento, se situava na terra. Com o argumento de que os asgardianos podiam ser terroristas por conta de seu imenso poder divino, ele convenceu mais uma vez o governo a autorizar um ataque contra os asgardianos. Seria exagero e até mesmo um julgamento precitado acreditar que o Trump fará algo assim durante a sua permanência na Casa Branca? Talvez. Porém, fica o receio de que algo parecido aconteça, pois mesmo com um claro discurso de ódio ele conseguiu convencer tantas pessoas a seguirem com ele. Aliás, a própria história nos mostra como o ódio pode contaminar a humanidade. Basta apenas pegar como exemplos figuras como Hitler ou Stalin, apenas para citar dois entre vários nomes conhecidos por várias atrocidades.
Enfim, ficam agora várias dúvidas e incertezas em relação ao futuro. Vale lembrar que o fim derradeiro do Reinado Sombrio de Osborn terminou em guerra e loucura enquanto o mesmo tentava a todo custo expulsar aqueles que julgava serem uma ameaça ao estilo de vida americano Por vamos esperar que daqui há quatro anos ainda haja esperança, mesmo quando o horizonte parece duvidoso.
Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast.