Já falei do primeiro volume da coleção Salvat capa vermelha sobre os Vingadores (que você pode ler aqui). O objetivo desta coleção é trazer uma história de um determinado personagem, ou grupo de personagens, onde eles são as estrelas deste volume, sendo todos da Marvel. O segundo encadernado é a estrela da editora: Homem-Aranha. Aqui temos duas histórias que eu coloquei numa lista sobre melhores edições para começar a ler Homem Aranha.
Como todos os volumes, este também traz a primeira aparição do personagem, que no caso é a Amazing Fantasy 15, onde vemos a origem clássica do herói. Essa história é fundamental para qualquer fã, pois o Homem Aranha é um dos poucos personagens que não teve sua origem reformulada. Em algumas páginas, nós temos tudo que o tornou icônico e revolucionário. Na sequência, temos a primeira reunião do Sexteto Sinistro, um grupo de vilões que decidem eliminar o herói em conjunto. Originalmente, essa aventura saiu em Amazing Spider Man Annual 1 e, para ser honesto, não é lá grande coisa. Em vez dos vilões atacarem o herói juntos, eles lutam individualmente. Basicamente a graça é ver a esperteza de Peter para derrotar cada vilão e poder apreciar páginas inteiras da belíssima arte de Steve Ditko.
O groso deste volume é o trabalho da dupla Michael Straczynski nos roteiros (que também é roteirista da série Sense 8) e John Romita Jr. nas artes. Straczynski escreveu uma das piores histórias do Homem Aranha de todos os tempos, próximo do fim de sua fase com o personagem. Entretanto, neste início ele é muito inventivo e interessante. Ele verdadeiramente entende a personalidade de Peter e o que é ser o Home Aranha. Aqui ele consegue efetivamente colocar Peter como um adulto e o coloca como um professor, que é o trabalho ideal para o personagem e tudo o que ele representa. Consegue retomar o relacionamento com Mary Jane e modifica a relação com a Tia May, fazendo dela uma figura mais interessante ao fazê-la descobrir a identidade secreta do Aranha (isso não acontece nessa edição, mas vemos os efeitos). Romita Jr., por sua vez, desenhou o Homem Aranha por muito tempo e nesta fase ele está com seu traço característico e caprichando em cada quadro, está no seu auge, sem dúvida.
A história começa quando um evento cósmico acontece no meio de Nova York e Dormammu começa uma invasão em nossa dimensão, e todos os principais heróis aprecem para impedir o ataque. O Homem Aranha está entre eles. Doutor Estranho aparece e começa um duelo mágico incrível, mas o Aranha acaba se envolvendo no meio do caos e acaba caindo num limbo temporal com o Doutor. De um lado, ele vê possíveis futuros e no outro o seu passado. Temos até um momento poético onde ele se vê segundos antes de ser picado pela aranha radioativa, e ao mesmo tempo vê sua possível morte. Devido a isso ele começa uma mega viagem pelo seu próprio passado revivendo seus piores desafios. Um curso intensivo de cronologia do herói em algumas páginas. Para os fãs é um deleite, e, para os leigos, uma explicação rápida da carga do personagem. A história é bastante emocionante e pode até arrancar umas lágrimas no seu final.
Para fechar, ainda temos duas pequenas histórias, com a mesma dupla da anterior, onde vemos a Tia May refletindo sobre a descoberta da identidade secreta do Homem Aranha e na outra vemos a vida de um alfaiate que só faz roupas para super heróis. Ambas são tocantes e sutis de sua própria maneira. Elas são ótimas por que explicam muito qual é o conceito por trás do personagem. A do alfaiate é especialmente inventiva e responde uma questão que quase ninguém nuca fez: quem faz a roupa de todos esses personagens? A solução mostrada é simples e sensacional, que acaba fazendo uma grande brincadeira com todo universo Marvel.
Essa é realmente uma edição perfeita para homenagear o Homem Aranha, pois mostra histórias clássicas e histórias modernas que entendem toda essa mitologia criada ao longo dos anos. Essas histórias do Straczynski são tão belas que dá até uma depressão em pensar que esse mesmo cara fez todas as atrocidades que fez depois com o herói.
