Os animes têm a capacidade de abordar qualquer assunto e torná-lo mais interessante quando uma dose de drama é adicionada ao roteiro. Mais recentemente, uma das produções que vem chamando atenção pelo tema é Bartender: Glass of God. Mas, apesar do título sugestivo, a animação do estúdio Liber vai muito além do simples preparo e consumo de bebidas alcoólicas. 

Somos apresentados a Ryu Sasakura, um talentoso bartender que trabalha no Eden Hall, um bar discreto no distrito de Ginza, em Tóquio. Muito observador, ele consegue traçar rapidamente o perfil de seus clientes para lhes servir o drink certo para o tipo de problema que estão enfrentando no momento. Impressionado com a genialidade do rapaz, o empresário Taizo Kurushima está decidido a contratá-lo para trabalhar no bar de seu hotel. 

Bartender é um ótimo exemplo de slice of life, um gênero comum nas animações japonesas que mostra situações mundanas e acompanha o dia a dia dos personagens. Dessa forma, o que vemos aqui é uma série episódica com cada capítulo focando no dilema de alguém específico. A função de Sasakura é auxiliar na resolução dos dramas pessoais de seus clientes agindo quase como um Sherlock Holmes que faz deduções corretas apenas observando-os. 

A consequência disso é que seu próprio desenvolvimento fica em segundo plano. Sasakura começa como um rapaz recluso e atrapalhado que se transforma quando está atrás do balcão. Porém, essa diferença entre um estado e outro cai no esquecimento e vemos apenas o profissional agindo mesmo quando não está trabalhando. Ainda que destoe um pouco do seu jeito no início, ele segue uma jornada de amadurecimento devido a um fantasma do passado. 

A verdade é que esta é a terceira adaptação de Bartender. O mangá criado por Araji Joh e ilustrado por Kenshi Nagatomo já ganhou um anime de 11 episódios em 2006 pelo estúdio Palm além de uma série live-action em 2011. Agora, a nova produção do Liber conta com uma bela animação em 12 capítulos que investe na estética dos personagens e, principalmente, dos cenários e das bebidas. 

E mesmo com essa temática peculiar a obra não romantiza o alcoolismo ou incentiva o consumo de álcool. Assim como qualquer outra profissão, a coquetelaria preza por oferecer o melhor aos seus clientes e é justamente essa filosofia que Ryu e seus colegas seguem, buscando curar seus fregueses através do ideal da Taça Divina, o drink perfeito. 

Isso rende diversas histórias curiosas sobre a origem e o significado dos drinks, o que mostra o cuidado do autor em pesquisar não apenas as receitas, mas fatos históricos e até mesmo citações literárias renomadas. Sobra espaço até mesmo para a caipirinha brasileira que ganha destaque em um dos episódios. 

Bartender: Glass of God vai além da superficialidade e futilidade da embriaguez para honrar uma profissão valiosa, mas que muitas pessoas não reconhecem como tal. Ao final, fica a sensação de que todos precisamos de alguém que nos ouça sem julgamentos e esteja disposto a nos oferecer uma forma de consolo. E esse alguém pode estar atrás do balcão.

Ficha técnica:

  • Ano de lançamento: 2024
  • Gênero: slice of life, drama
  • Músicas de abertura: Stardust Memory – Takaya Kawasaki 
  • Músicas de encerramento: Spica – Mone Kamishiraishi
  • Criador: Araji Joh
  • Estúdio: Liber
  • Número de episódios: 12 (temporada 1)
  • Status: concluído

Assista ao trailer:

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Bartender: Glass of God (1ª temporada)

8.0 Muito bom!
  • Nota 8
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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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