Quando a tendência dos universos compartilhados da Marvel e da DC começou a se tornar a nova regra do cinema muitos fãs de quadrinhos passaram a especular quais seriam as possibilidades que esse novo modelo poderia acarretar. Algumas outras editoras sempre tiveram potencial para levar seus personagens para o cinema, mas eram obscuras até mesmo para os leitores de HQ. A Valient chega como uma alternativa de super-heróis fora do eixo Marvel/DC com a possibilidade de iniciar um novo universo com a estreia de Bloodshot.

Ray era um soldado americano que é transformado em um supersoldado com poderes regenerativos. Mas graças a essa experiência ele perde sua condição de ser humano e se trona uma máquina a serviço de uma organização secreta com interesses escusos.

O que define esse filme é: possibilidade perdida, apesar de ter uma premissa extremamente simplista e clichê. E justamente por ser a história mais básica do mundo de soldado utilizado por uma mega corporação é possível contar qualquer tipo de história de ação e aventura. Mas parece que o roteiro de Jeff Wadlow e Eric Heisserer se esforça para ser o mais básico e óbvio possível. Os diálogos parecem saídos de um filme de ação ruim dos anos 1990 estrelado por Steven Seagal. A ciência de histórias em quadrinhos também não é utilizada de forma criativa e divertida mesmo que todas as peças estejam lá.

Porém esse roteiro possuiu um crédito: de certa forma ele tem consciência de que é clichê e tira sarro disso em alguns momentos. Não chega a ser uma quebra de quarta parede, mas alguns personagens dizem em voz alta sobre como certas situações são repetidas. Não que isso torne o filme automaticamente melhor, mas tira um pouco o peso da mesmice.

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Talvez o maior ponto fraco seja Vin Diesel como o protagonista. Ele mal consegue articular suas poucas falas e o rosto tem expressões extremamente limitadas. Ao seu redor, temos alguns outros atores que se esforçam como Lamorne Morris e o já famoso Guy Pearce. De resto, o que vemos são personagens vazios com atuações simplistas.

Tudo isso poderia ser perdoado se o filme entregasse seu maior carro chefe, que são as cenas de ação empolgantes que prendem a nossa atenção. Somente no final vemos algo verdadeiramente interessante nesse sentido, e ao longo da história temos diversas chances para grandes momentos de ação, mas parece que a direção de Dave Wilson não soube aproveitá-los. Essa é a estreia dele em um longa cinematográfico, mas Dave já possuiu uma carreira sólida em efeitos visuais de videogames de ação e filmes como Vingadores: era de Ultron. Ou seja, ele sabe como criar uma sequencia de ação, mas a posição de diretor não resultou em um filme de ação interessante. Acredito que futuros trabalhos dele como diretor possam ser bons agora que ele teve uma primeira experiência e aprendeu com seus erros nesse projeto.

O herói Bloodshot apresentado nesse longa é bem genérico. Alguns dizem que ele é uma mistura de Wolverine com RoboCop. Somente essa comparação já mostra as possibilidades divertidas que esse personagem possui: algo que pode ir de ação desenfreada até uma ficção científica que discute a liberdade de uma experiência humana. Esse primeiro filme de ação não chega a ser ruim, mas é bastante esquecível e sem graça.

Agora que o personagem está apresentado, temos um caminho aberto para qualquer história que um bom roteiro queira contar.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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