A franquia Scooby-Doo é uma das mais rentáveis das animações ocidentais. Só de longas live-action temos cinco, e filmes diretos para Home Vídeo são incontáveis. A turma da Máquina de Mistérios possui uma fórmula muito fácil de criar histórias, já que os personagens estão ativamente procurando mistérios para resolver. Cada geração possui a sua série animada como referência e já viu algum dos diversos longas. Agora batemos mais um longa, que retorna a apostar nos cinemas e em um formato de animação mais refinada do que estamos acostumados a ver nessa franquia.

A turma do Scooby está pensando qual é o próximo passo que devem dar em suas carreiras de investigadores, mas um vilão parece estar atrás de Scooby com objetivos de abrir um portal para o submundo. A turma acaba entrando numa corrida pelo mundo para resgatar o cachorro e impedir uma catástrofe.

A melhor maneira de encarar esse filme é entendê-lo como uma história de super-herói que está iniciando uma espécie de universo compartilhado de desenhos da Hanna- Barbera. Se você realmente está querendo ver um longa especificamente do Scooby-Doo talvez fique levemente decepcionado. Mas caso abrace a proposta aventuresca certamente vai se divertir bastante.

O filme começa com uma rápida história de origem de como o grupo se conheceu. Esse momento é tão divertido que dá vontade de ver um filme todo nesse período. Mais rapidamente temos um salto temporal para os personagens já estabelecidos e com uma carreira de investigadores. 

A primeira coisa que mais chama atenção é a presença da dupla Falcão Azul e Bionicão, dois super-heróis clássicos da Hanna-Barbera. E não são só eles que aparecem no filme. Outras figuras de outros desenhos aparecessem ao longo do mesmo. O mais surpreendente é que a produção não cai no problema clássico de inserir um monte de elementos e não contar história nenhuma. Tudo é bastante orgânico e flui bem.

O humor varia entre dois estilos. Temos bastante das piadas utilizadas na série clássica, principalmente as de humor físico, e tiradas nas falas que são bem inteligentes. Até mesmo o personagem do Fred possuiu seus momentos cômicos, talvez sua melhor versão em todas as mídias. Mas também temos aqueles momentos onde as piadas se arrastam demais e acabam perdendo o fôlego.

Aliás, o elenco de dubladores originais é de alto calibre. Gina Rodriguez (protagonista de Jane the Virgin) interpreta Velma, Mark Wahlberg é Falcão Azul, Zac Efron é Fred e Ken Jeong como Bionicão.

Os problemas estão no campo emocional do roteiro. Alguns conflitos de personagem não possuem o peso necessário, principalmente no núcleo de Scooby e Salsicha. O plano do vilão também não é dos melhores. Apesar de ele ter uma motivação excelente, as regras de seus planos e a própria lógica interna do filme é bastante inconstante. Horas algumas coisas são possíveis e outras não, e diversas coisas que são ditas passam a ser ignoradas ou mudadas no decorrer da trama.  Isso tira parte do impacto da história.

De modo geral o filme é bem divertido e tem a capacidade de entreter tanto crianças quanto adultos, principalmente aqueles que cresceram com Hanna-Barbera. As possibilidades que esse filme abre são maravilhosas para um universo compartilhado desses desenhos. A empresa já fez isso em sua linha de quadrinhos capitaneada pela DC Comics então tudo indica que esse é o futuro desse novo universo animado

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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