Casa Gucci é dirigido pelo icônico Ridley Scott e baseado no livro The House of Gucci: A Sensational Story of Murder, Madness, Glamour, and Greed, escrito por Sara Gay Forden, que narra a história do assassinato de Maurizio Gucci pelas mãos de um sicário contratado por sua ex-mulher, Patrizia Reggiani. Scott contou com um excelente elenco composto pelas estrelas Lady Gaga, Adam Driver, Al Pacino, Jeremy Irons e Jared LetoComo o filme é uma cinebiografia o fim da história deixa de ser o mais importante, pois qualquer pessoa bem informada sabe o que aconteceu com a família Gucci. Mas, por outro lado, o “como a história é contada” ganha mais relevância.

E é inegável a qualidade de Scott, diretor de Alien, Gladiador, Blade Runner, em contar uma história – mesmo que tenha alguns filmes péssimos na carreira. E aqui ele é novamente desafiado, agora para contar a história chocante da família Gucci que perdeu seu próprio império por seus próprios problemas familiares. Casa Gucci é sobre ambição, e como a mesma interefere no próprio legado da família, desenrolando numa série de traições, mentiras, decadência até ao assassinato do último da família Gucci a fazer parte da empresa de moda.

A história contada por Ridley Scott opta por se concentrar muito mais no conflito familiar do que na remontagem policial do crime (diferentemente do livro). E desde o início somos apresentados ao funcionamento da família Reggiani, dona de uma transportadora local de caminhões para depois adentrarmos na família Gucci e conhecermos suas dinâmicas e relações um pouco distante e fria. E uma das melhores coisas do filme é a atuação de Lady Gaga neste momento que personifica não só a ambição como também a extravagância italiana, enchendo a tela com sua presença e figurinos como Patrizia Reggiani.

Essa extravagância que Casa Gucci impõe acaba por exagerar em alguns momentos. Principalmente quando Paolo Gucci (Jared Leto) está em cena com seu figurino estranho, atuação caricata e sotaque italiano bizarro, nem mesmo a máscara de látex que deixa o ator irreconhecível é incapaz de esconder o papel distoante de todo filme do ator, que parece que não se encontrou mais depois do  Coringa em Esquadrão Suicida. Falando em atuação, um outro ponto negativo do filme é o Adam Driver que parece estar muito distante do seu papel como Maurizio Gucci. Sempre alheio aos golpes e ambições de sua esposa e que do nada há uma mudança de postura do personagem sem termos um desenvolvimento entregue para tal. E não podemos culpar o tempo por isso, já que o longa conta com quase 2 horas e meia de duração.

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Falando em tempo, durante o filme acompanhamos em espaço de 20 anos da história da família Gucci, mas se não fossem as legendas explicitando os saltos temporais nem perceberíamos que o tempo passou tanto assim. Não se deram nem ao trabalho de envelhecerem os personagens para tal. E isto soma-se com a falta de detalhes mais compatíveis com a realidade da história (que o livro de Sara Gay Forden se preocupa muito mais em dar). Faltando informações vitais para que tais acontecimentos da história real pudessem acontecer no filme. E isto acaba por deixar Casa Gucci muito mais como um filme despretencioso inspirados em fatos reais do que ser realmente uma cinebiografia.

E se for encarado desta forma despretenciosa Casa Gucci se torna mais divertido, extravagante, com a competencia habitual de Jeremy Irons e Al Pacino no elenco. Belos figurinos e fotografia que já são esperados de uma direção de Ridley Scott. Mas no que tange a atuação e roteiro, acho difícil conseguir algo além de uma indicação de Lady Gaga para as premiações de cinema, que realmente é o que mais brilha no filme. Casa Gucci acaba por ser uma obra que vai te instigar a conhecer mais da história da família Gucci pesquisando depois de assisti-lo do que propriamente durante o filme.

Casa Gucci (2021)

6.5
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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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