Stephen King é conhecido por ser o Mestre do Terror, o autor simplesmente produziu por volta de 80 livros do gênero e anualmente suas obras ganham adaptações para TV e cinema. Castle Rock, série produzida pela Hulu, chegou prometendo ser um amálgama de todo o universo das histórias de King. Localizada no Maine, a cidade que dá nome à série se torna o epicentro de todos os acontecimentos sombrios e bizarros que permeiam as obras do autor com personagens misteriosos e universos paralelos, porém com um ritmo arrastado.

Castle Rock é uma cidade fictícia localizada no Maine, nos Estados Unidos. Lá, passado e presente se cruzam através das histórias de terror que não só se ouve falar, como é vivida e sentida por seus moradores. Nesta estranha cidade, todo o universo de Stephen King se encontra. A produção foi criada por Sam Shaw (Master of Sex e Manhattan) e produzida por J.J. Abrams, o que já de cara gerou muita expectativa para a série, que desde o início seduzia os fãs de Stephen King com a sua premissa: Uma série original que se passa dentro do universo dos livros do renomado autor. E realmente é o que vemos.

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Em Castle Rock percebemos que estamos no fantástico mundo de King, não só com referências e easter eggs, como também elementos de roteiro pertencentes às obras do mestre do terror. E logo de cara nos deparamos com a prisão de Shawshank (Um Sonho de Liberdade), a sobrinha de Jack Torrance (O Iluminado) e o ex-xerife Alan Pangborn (Needful Things). E isto enriquece bastante a série, onde nos deparamos com várias citações às obras do autor e a todo momento estamos em busca delas. Porém não é só de referências que vive a série, ela apresenta uma trama bastante misteriosa, a la King.

King traz em seu terror uma grande peculiaridade, por mais que tenham situações absurdas, elementos sobrenaturais e mortes macabras, em suas obras o elemento de terror que mais assusta são os seus personagens quebrados. Cada um com o seu trauma, o seu vício, sua quebra. E quando nos deparamos dentro de seus subconscientes (coisa que King descreve como ninguém) há o verdadeiro incômodo. E por mais que suas criaturas bizarras sejam marcantes, seus personagens humanos são o que há de pior que possamos imaginar. Quem não se lembra do odioso garoto buller do filme It, A Coisa? Em Castle Rock temos provas deste elemento na trama, o casal do hotel macabro que acabara de se mudar para a cidade, o reverendo Mathew Deaver (pai de Henry) também é um desses personagens, porém claro que não com a mesma eficácia quanto se fosse escrita pelo próprio King.

A história de Castle Rock rodeia o personagem Henry Deaver (Andre Holland), um advogado que quando criança desapareceu por dias na floresta. Ele é requisitado por uma pessoa que estava sendo mantida ilegalmente dentro da prisão Shawshank. E a partir deste ponto todo o seu passado em Castle Rock, que ele tinha feito questão de esquecer, emerge novamente quando ele retorna à cidade. Ao mesmo tempo conhecemos o enigmático “The Kid” (Bill Skarsgard), uma figura estranha que possivelmente atrai o caos e destruição à sua volta. A trama é realmente intrincada, trazendo bastante obscuridade dentro da cidade e de seus cidadãos, mas o que realmente aconteceu no inverno de 1991?

O mistério principal do filme foi perdendo gás durante os episódios devido a um protagonista nada carismático, Henry Deaver é realmente um personagem duro e um tanto complicado para que o espectador possa estreitar suas relações. E isso de certa forma repercute negativamente no todo da série, que sofre também com muitas perguntas e poucas respostas. Por outro lado a série mostra uma gama de outros personagens secundários mais interessantes. Destaque para Molly (Melanie Lynskey) uma iluminada que sofre por seu próprio dom, Pangborn (Scott Glenn) ex-xerife da cidade e Ruth Deaver (Sissy Spacek) mãe adotiva de Henry que sofria maus tratos de seu falecido marido. Esta última é a protagonista do melhor episódio da primeira temporada, e é válido lembrar que Sissy interpretou a famosa a protagonista na primeira adaptação de Carrie, A Estranha.

A série fica num cinza que até certo ponto é difícil de entendermos se ela realmente tem algo a dizer ou apenas é um emaranhado de mistérios pretensiosos, pois poucos deles são respondidos. Ao mesmo tempo que isso parece alimentar outras temporadas futuras, dá uma certa lentidão ao rumo desta primeira temporada. E quando quase chegamos numa resposta que envolve mais um elemento clássico dos livros de King (os multiversos), num piscar de olhos voltamos à estaca zero e nos sentimos novamente no patamar do primeiro episódio da série, presos em Shawshank. Ok, séries não precisam acabar na primeira temporada, mas faltou um fechamento satisfatório de pelo menos um arco.

Tais problemas realmente incomodam, mas não são suficientes para anular excelentes atuações, alguns personagens interessantes e, claro, toda uma ode às obras de Stephen King. A série apesar de cometer pecados se mostrou uma boa opção para quem curte o autor e um mistério, que ainda não foi respondido. Bastante potencial para melhorar!

https://youtu.be/gXsKCQenpt0

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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