Filmes de boxe se tornaram um subgênero relativamente popular desde a franquia Rocky (que nós falamos em nosso podcast e que você pode ler aqui no Tarjaclassics) que gerou vários outros títulos com a mesma temática. Mesmo com as variações internas, existe uma premissa básica que quase todos seguem: o lutador fracassado que precisa dar a volta por cima através do boxe. Essa estrutura de roteiro já se repetiu em diversos outros filmes e acabou virando uma fábula moderna. Jawbone é um desses filmes.

Jimmy é um ex-boxeador que está no limite. Sua mãe morreu, é alcoólatra e está para ser despejado da sua casa. Sua situação é tão desesperadora que ele decide lutar em organizações ilegais, mesmo sem sua licença. Enquanto isso, ele tenta manter seu ritmo de treino numa academia onde tem alguns velhos conhecidos.

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Mesmo com todo o possível drama que essa sinopse possa causar, Jawbone é um filme morno. Em nenhum momento é dado peso para os eventos que ocorrem no filme, mesmo com algum deles sendo bem tristes. Nada de trilha sonora, iluminação diferenciada ou qualquer artifício cinematográfico para compor as cenas. Estamos falando de um filme bem cru. Apesar disso, ele até tem alguns momentos de silêncios bem bonitos, mas nada que salte os olhos.

Por outro lado temos que bater palmas para a interpretação de Johnny Harris, que dá tudo de si na atuação desse protagonista denso. Chora, grita, é educado, é tristonho e tudo o que roteiro exige ele entrega na intensidade certa e de forma muito crível. É muito importante esse empenho, pois como eu disse, é um filme morno, mas essa atuação faz a história brilhar mais um pouco. Os outros atores como um todo não se destacam, e, parando para pensar, são pouquíssimos.

Esse é o primeiro longa do diretor Thomas Napper, que tem uma longa carreira de diretor assistente em filmes relevantes, como o último Bela e a Fera, Caminhos da Floresta e Orgulho e Preconceito. Aqui ele consegue realmente tirar momentos bonitos com muito contraste de luz e sombras (dando um ar meio noir), mas, às vezes, exagera em ambientes excessivamente escuros. Nenhuma trilha sonora, cortes pouco inventivos e angulações ortodoxas. Durante a única luta do filme percebemos cenas excessivamente cortadas, onde vemos pouco impacto dos socos e muita câmera balançando. Faltou-lhe um pouco de ambição. O roteiro igualmente comum de Johnny Harris (sim, o ator que faz o protagonista) também não ajuda a criar nada muito inovador, nem ao menos um clichê bem feito.

Para quem já viu os grandes clássicos dos filmes de boxe, Jawbone não apresenta muita coisa nova, mas pode ser uma boa pedida para quem não está acostumado com dramas e filmes sobre esportes. Somos servidos com uma atuação interessante e uma história de superação comum, mas que pode vir a calhar para quem está se sentindo meio para baixo. Para quem já viu todos esses filmes, pode ser interessante checar mais um, caso esteja com saudade de produções do mesmo tipo. Confira aqui também a crítica do outro filme sobre boxe que saiu esse ano: Punhos de Sangue.

 

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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