O filme do gênero de assalto se tornou muito popular durante a crise americana de 29. Conforme a população perdia totalmente a crença em seus bancos, e no sistema como um todo o cinema fazia com que os ladrões parecessem cada vez mais os “caras certos na história”. Uma espécie de síndrome de Robin Hood moderna. Este subgênero (geralmente associado ao filme de ação ou suspense) nunca sumiu das telas, sempre tendo seus representantes a cada década. Conforme o tempo foi passando os valores deste estilo foram mudando. No início o protagonista assaltante sempre era pego no final (para provar que o crime não compensa), mas com o avançar das décadas este conceito foi se modificando e o bandido passou a ganhar cada vez mais contornos de herói. Chega aos cinemas mais um filme deste subgênero “Despedido em Grande Estilo”.

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Aqui temos um filme de assalto mergulhado na comédia. E meus amigos, que comédia!  Os diálogos estão afiadíssimos e são muito bem entregues por Michael Caine, Morgan Freeman e Alan Arkin. Os três são ex-funcionários de uma empresa que está deixando de operar nos Estados Unidos e justamente por isso não tem mais a obrigação de pagar a pensão aos seus ex-funcionários. Os três protagonistas ficam em um caos financeiro e tudo culmina no banco querendo levar suas casas quando não conseguem mais pagar suas hipotecas.

O filme apela para diversos clichês básicos, mas todos muito bem utilizados e com a intenção de fazer uma conexão imediata e profunda com os protagonistas. É impossível não ficar do lado dos idosos que lutam contra um sistema corrupto. Somos apresentados às suas vidas pessoais e percebemos como eles têm muita coisa pelo que lutar. O filme carrega um discurso bacana de que a vida não acaba quando se chega à velhice e de como a terceira idade não é sinônimo de inatividade ou falta de sagacidade.

A parte do assalto talvez seja a mais simples do filme, mas ainda sim bem executada. O filme aposta mais na comédia e em criar as relações entre os personagens. Isso é fundamental para te levar até o fim e se manter sempre torcendo pelo trio. Ocorre uma apelação, no bom sentido, para o emocional, o que pode incomodar algumas pessoas deixando “água com açúcar demais”.  As piadas relacionadas a velhice se repetem muito, algumas melhores e outras piores, mas nada que puxe a qualidade para baixo ou o deixe chato.

O filme cumpre exatamente a sua proposta com um roteiro surpreendentemente bem intricado que consegue entregar reviravoltas até o final e usar detalhes do início ao fim fazendo com que nada fique jogado na trama. O final acaba se estendendo em seu encerramento, mas mesmo assim consegue criar viradas até o final e não deixa a sensação de “deveria ter acabado antes”.

O filme é dirigido por Zach Braff que está fazendo uma refilmagem (sim, esse filme é uma refilmagem) do original de 1979, tanto que o roteiro está creditado para o roteirista do longa original que é Edward Cannon. Além de o elenco contar com as três estrelas que já citei acima o filme tem a participação de Matt Dillon, Kenan Thompson (lembra-se de Kenan e Kel?) e o nosso adorado Christopher Lloyd.

Provavelmente esse será um daquele filmes que poderá passar na Tela Quente, ou até mesmo Sessão da Tarde, mas isso não é nenhum demérito. Ele cumpre perfeitamente o seu propósito de divertir e emocionar, mesmo com clichês. Certamente será um daqueles filmes gostosos de ver várias vezes.


Despedida Em Grande Estilo

                                                 


Nota: 4,5/5,0

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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