Em tese histórias com piratas costumam ser no mínimo divertidas, sejam essas básicas na aventura ou com elementos de outros gêneros adicionados na trama principal. Esse não é o caso de Legend of the Sea Devils, o episódio especial mais recente de Doctor Who. Lançado em época de Páscoa, um período não muito comum no histórico da série, a aventura não trouxe algo digno para os fãs assistirem e ainda serviu para comprovar um dos maiores problemas da Era Chibnall: o desperdício.

Depois dos eventos de Flux a Doutora (Jodie Whittaker), Yaz (Mandip Gill) e Dan (John Bishop) decidem viajar para um lugar onde tenha uma praia, mas acabam aterrissando na China do século 19 próximo a uma pequena vila costeira que está sob ameaça da temível rainha Madame Ching (Crystal Hu). Além disso, naquele mesmo local, outro inimigo que já entrou conflito com a Senhora do Tempo surge no meio do caminho prometendo destruir toda vida na Terra.

Com uma premissa fraca, Legend of the Sea Devils já parecia anunciar um grande desastre. Isso pode ser facilmente percebido na forma como o roteiro escrito por Ella Road e Chris Chibnall não dá a importância devida para a ameaça central no mesmo nível que o público está acostumado a ver em histórias desse tipo. Inclusive, para efeito de comparação, não precisamos voltar muito no tempo já que Eve of the Daleks (S13E07) consegue fazer isso sem dificuldade e ser razoável mesmo utilizando pela terceira vez os maiores inimigos da Doutora em um especial de Ano Novo. 

Isso fica ainda mais lamentável quando lembramos que os Sea Devils foram vistos pela última vez há quase quarenta anos durante a fase de Jon Pertwee como 3º Doutor, um detalhe que justificaria o máximo de cuidado no retorno deles assim como já aconteceu com outros inimigos clássicos do Doutor. Como se isso não fosse motivo suficiente para reclamar, ainda há o fato de que Legend of the Sea Devils não prepara o caminho para o fim da atual regeneração, algo que boa parte desses episódios já fizeram de forma sutil.

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Todos esses problemas ficam ainda piores quando percebemos que há um enfoque maior no romance subdesenvolvido desde o começo entre a Doutora e a Yas. É importante enfatizar essa questão, principalmente em relação a essa subtrama porque apesar do episódio tratar disso em diálogos rápidos e apressados logo percebe-se que isso não irá para lugar nenhum como a própria protagonista explica nos minutos finais. Na verdade, esse relacionamento da forma como foi inserido só serve como material para fanfics. E talvez essa seja a única forma disso ser dignamente bem desenvolvido.

Enfim, Legend of the Sea Devils é totalmente ruim em sua execução. Dessa vez o desperdício de oportunidades criativas foi tão grande que nem mesmo a atuação de Jodie Whittaker conseguiu sequer melhorar uma aventura que nadou e infelizmente morreu na praia.

Apesar de tudo isso, fica a esperança para que o mesmo não aconteça em seu último episódio como 13ª Doutora que será exibido no dia do centenário da BBC. Aparentemente tem tudo para ser grandioso como o próprio teaser anuncia com o esperado retorno do Mestre acompanhado do Cyberman Solitário, Daleks e até mesmo de companions famosas da Era Clássica de Doctor Who. 

Ficha técnica:

  • Episódio: 13×8 – Doctor Who: Legend of the Sea Devils
  • Data de exibição:
  • Roteiro: Ella Road e Chris Chibnall
  • Direção: Haolu Wang
  • Duração: 48 min.
  • Elenco: Jodie Whittaker (A Doutora), Mandip Gill (Yas), John Bishop (Dan), Crystal Yu (Madame Ching), entre outros.

Confira o trailer:

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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