Hanna, a série original da Amazon Prime, veio para detalhar a trama do filme de mesmo nome produzido em 2011. Agora a segunda temporada vai além e explora maiores detalhes sobre o projeto ultrassecreto que deu origem à personagem-título. Mesmo assim, a narrativa cai de qualidade em relação à primeira temporada, apostando em conflitos internos pouco convincentes.
Atenção, spoilers da primeira temporada a seguir: (se preferir, leia a crítica sem spoilers da 1ª temporada)
Depois que Hanna (Esme Creed-Miles) consegue fugir da base da UHtrax juntamente com Clara (Yasmin Monet Prince), as duas passam a viver escondidas na floresta. Porém, a tentação de saber mais sobre o próprio passado faz com que Clara tente entrar em contato com a mãe. Isso leva a garota a ser recapturada pelos agentes e conduzida ao novo local de treinamento, onde as outras meninas estão iniciando a próxima etapa do programa. Hanna decide ir resgatar sua amiga e, para isso, irá contar com a ajuda improvável de Marissa Wiegler (Mireille Enos).
Durante toda a primeira temporada ficamos sem saber exatamente qual era a finalidade da Utrax e o que eles fizeram com Hanna e as demais garotas que foram usadas como cobaias. Essas perguntas enfim são respondidas e temos a dimensão do que os envolvidos pretendem fazer. O que mais chama a atenção é a forma que eles utilizam para ressocializar as jovens na tentativa de tornar a vida delas o mais normal possível. Mas o que acontece de fato é uma lavagem cerebral onde memórias e emoções são manipuladas por outras pessoas.
O efeito dessa manipulação é visível em Sandy (Áine Rose Daly), uma das jovens que mais se entrega ao projeto. A necessidade de ter uma vida real e comum é tão grande que justifica tudo a que ela e suas companheiras precisam se submeter. Por mais que tenhamos noção de que ela está se deixando enganar, é inevitável não simpatizar com a garota.
Enquanto Sandy está convicta de suas decisões, Hanna está mais confusa do que nunca. As reviravoltas do roteiro dependem exclusivamente das escolhas que a personagem faz. Isso até seria produtivo se ela não fosse tão inconstante. Ora ela quer isso, ora quer aquilo, depois volta para o início e assim por diante. Essa inconsistência e teimosia diminuem a identificação dos espectadores com ela, de modo que depois de um tempo não nos importamos mais.
Quem sem mantém linear na temporada é Marissa Wiegler. Desde o início ela vinha se destacando, adquirindo cada vez mais importância. Agora ela desempenha um papel fundamental diante dos conflitos internos de Hanna, mesmo que para isso tenha que desempenhar um jogo perigoso e mostrar todo o seu sangue frio.
Depois de muita indecisão, a protagonista toma um posicionamento que será desenvolvido na terceira temporada, que por sinal já foi confirmada. Dependendo de como o roteiro for feito, a garota finalmente poderá encontrar seu lugar no mundo e cumprir a missão que lhe foi atribuída.
Mesmo que a segunda temporada de Hanna não tenha superado a primeira, ainda existe a possibilidade de que melhore daqui para frente caso os criadores apostem em uma trama mais consistente que não tenha medo de ousar e fugir dos clichês dos programas de ação.
Assista ao trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=aCjgeOSCFFw