O Velho Oeste é um gênero de filme que anda bastante esquecido no cinema. Os poucos momentos em que temos boas obras envolvendo o tema são quando Tarantino decide fazer algo como Os Oito Odiados ou Django, ou um remake como Sete Magníficos ou Bravura Indômita. É bastante raro algo que fuja deste esquema, e quando acontece tende a ficar esquecido no meio da avalanche de outros gêneros que são mais populares hoje em dia. Ou será que realmente é muito mais difícil encontrar bons filmes de faroestes recentes? Hickok te faz pensar que estamos trabalhado com o segundo caso.

Wild Bill Hickok foi uma lenda do faroeste americano. Uma figura histórica que ficou famosa devido aos tiroteios épicos que se envolveu enquanto era xerife do território do Kansas. O filme conta a história de como ele se tornou xerife e sua transformação de vagabundo fora da lei para figura de autoridade e suposta moral.

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Um filme como esse depende muito do ator que exerce o papel do protagonista. Bill é escrito como aquele típico cafajeste que você adora justamente por ele ser um bom sujeito, mas com várias pequenas falhas de caráter que faz nos identificarmos com ele. O trambiqueiro que vira xerife é uma ideia ótima para se explorar num filme. O problema é que o ator Luke Hemsworth (irmão de Chris Hemsworth) não sustenta seu papel que demanda muito carisma e momentos levemente dramáticos. Ele não é um novato na área, pois já trabalhou em Westworld, dublê do Thor no último filme e diversos outros longas. Mas nem na ação e nem na interpretação ele brilha em Hickok.

Não existe nem um ator, ou atriz, que demonstra grande atuação no longa. Talvez por falta de um direcionamento do diretor Timothy Woodward Jr. Na verdade ele parece não estar nem um pouco empolgado com o filme que está dirigindo, cenas de ação pouco inspiradas e até propositalmente básicas. Para um filme de Velho Oeste Hickok é extremamente monótono, o que chega a ser engraçado, pois o tempo todo alguém está atirando ou ameaçando alguém. Impressionante como um diretor pouco inspirado transformou algo naturalmente agitado e empolgante em algo morno e sem graça.

O roteiro de Michael Lanahan também tem seus problemas. Estranhamente ele é cheio de boas ideias, mas mistura todas elas e consegue a proeza de não trabalhar nenhuma de forma efetiva. O simples conceito de um vagabundo que vira xerife já poderia dar um filme divertido. Mas ele vai empilhando diversos outros conceitos e esquecendo os anteriores. De modo geral, a história também faz proveito de vários clichês clássicos, alguns funcionam e outros não. Os que funcionam acabam não brilhando pela direção sem graça de Timothy. É preciso ressaltar de que ele não é o único culpado, pois e visível que o diretor, e a produção como um todo, precisou trabalhar com um orçamento bem reduzido.

O terceiro ato é um desastre e apresenta uma das resoluções mais sem graça da história do velho oeste no cinema. Nenhum dos arcos apresentados ao longo do primeiro e do segundo ato são solucionados ou recebem algum tipo de pontuação. O filme termina e você fica com a sensação de que nada aconteceu. O primeiro ato até é interessante e divertido, mas conforme a história avança tudo se torna confuso, sem graça e chato. E nem podemos dizer que é um filme historicamente preciso com a figura de Wild Bill Hickok. Mais um daqueles casos onde é possível ver uma boa ideia, mas o filme precisaria ser quase todo refeito.


Hickok

Nota

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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