As animações longa metragem da Lego surpreenderam aqueles que acharam que elas seriam apenas uma grande propaganda de seus brinquedos. Uma Aventura Lego e o Lego Batman se mostraram realmente engraçados e inteligentes em trabalhar seus respectivos temas. Agora temos um filme baseado na franquia de bonecos com temática ninja, mas mantendo a veia cômica alucinada que vem se tornando marca registrada dessa nova franquia.

A cidade de Ninjago é constantemente atacada por um terrível vilão chamado Garmadon e, por sua vez, é constantemente defendida pelos ninjas que protegem a cidade. Cada ninja possui um elemento e usam super robôs para lutar contra os inventos maléficos de Garmadon. Entretanto, o ninja verde é na verdade filho do vilão e deseja derrotá-lo de maneira definitiva e acabar com os ataques à cidade de Ninjago.

Dos três filmes, contando com esse, Ninjago é o pior, mas isso não significa que é um filme ruim. O nível do primeiro filme de Lego e do Lego Batman (que eu fiz a crítica aqui) são muito bons e essa nova produção fica só um pouco atrás. O ritmo alucinado de piadas continua. Se você piscar provavelmente vai perder umas cinco tiradas. Obviamente que esse método de piadas a cada segundo falha em alguns momentos, e, por vezes, temos diálogos onde o humor falha ou simplesmente é bobo.

A ação também tem um tom absolutamente frenético, assim como a animação do Batman, entretanto, acho que nesse filme os movimentos incessantes foram muito melhor utilizados aqui. Apesar das lutas serem todas feitas com bonecos de Lego, a movimentação é digna de filmes de ação de alta qualidade. Eu sei que isso é uma facilitação proveniente da animação, algo que um filme live-action teria muito mais dificuldade de fazer, mas o segredo está na inventividade. A combinação da direção tripla de Bob Logan, Paul Fisher e Charlie Bean geraram situações épicas com direito a brigas de robôs gigantes e duelos ninjas realmente fabulosos.

O filme segue a linha de homenagear os clássicos filmes de Kung-Fu, fazendo até piada com alguns nomes de filmes famosos e também com os clichês que quase todos esses filmes possuem. Aquele tipo de piada feita para quem gosta de filmes e está levando as crianças. Falando nelas, esse é o tipo de filmes que vai fazê-las sair da sala de cinema pulando e dando cambalhotas. A homenagem aos tokusatsus também é evidente e vai encantar os mais novos pelo conceito sempre envolvente de poderes e times de lutadores, e talvez os adultos pela nostalgia daquilo que viam na TV.

Vamos falar agora um pouco da dublagem. A cabine de imprensa ofereceu uma copia dublada do filme, o que é mais do que natural levando em conta que esse tipo de filme tem a criança como público alvo. A dublagem é boa, mas existe a escolha de alguns memes nas falas dos personagens. Coisas como Top, Zap Zap e linguagens que estão muito na moda, mas certamente caírão em desuso daqui a alguns anos. Não sei se esse tipo de linguagem está no áudio original e só foi feita uma adaptação para os memes nacionais, ou se a dublagem decidiu fazer alterações ao bel prazer. Independente disso, algumas soam muito forçadas e poucas vezes funcionam. É um exemplo de como alguns diálogos desse filme não são muito bons, mas nada muito grave, porém puxa a qualidade para baixo.

Esteja preparado para possivelmente ouvir pedidos de brinquedos da linha Ninjago logo depois que sair com seus filhos da sessão, pois, mesmo o filme não se limitando a um grande comercial, ele ainda é eficiente nesse quesito. Acredito que os filmes do Lego realmente vieram para competir com os grandes estúdios de animação e devem ser colocados na lista de expectativas a cada novo ano. As possibilidades de explorar as franquias que a Lego possui são incríveis e podemos esperar diversos filmes cômicos brincando com diferentes gêneros. Os fãs de filmes clássicos de kung-fu e cultura oriental pop podem encontrar uma boa homenagem e dar umas boas gargalhadas no processo.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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