Nos anos noventa o gênero comédia romântica ganhou um enorme espaço dentro da produção cinematográfica. Também foi à década onde nasceram os principais clássicos que fizeram esse estilo de história ficar popular. Os fãs de cinema costumam renegar um tanto as comédias românticas dizendo que elas são constantemente repetitivas e possuem os clichês mais chatos. De fato existe uma dose de verdade nessa firmação, mas, como todo clichê, é preciso saber abraçar e aprender a curtir a proposta de cada estilo de filme. Pessoalmente eu gosto desse gênero e até curto quando reconheço certos clichês clássicos, por isso resolvi listá-los aqui no site. Lembrando que já fiz dois textos semelhantes aqui no Tarja sobre filmes de ação e filmes de terror. Só clicar e curtir.

“A corrida até o aeroporto”

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Talvez o clichê mais clássico de todos da lista. Esse artifício de clímax de terceiro ato ficou tão manjado que o aeroporto foi gradativamente mudando para outras coisas que simbolizam o afastamento de um dos elementos do casal. Bem ou mal esse clichê não morreu e acho que é o tipo de coisa que sempre acaba funcionando devido à cinematografia. Alguém correndo (quase sempre o homem) desesperadamente e lutando até o fim pela mulher que ama.

“O casal que começa se odiando”

Algo para apimentar os diálogos. Muito bom para “quebrar” a cordialidade esperada, mas que acabou virando um clichê. Quando começamos um filme de comédia romântica nós já sabemos quem são os protagonistas. Teoricamente esse artifício de roteiro seria nos desviar e pensar “como eles vão ficar juntos se ambos se odeiam?”. Acabamos não caindo nessa, mas de fato da um temperinho.

“Alguém faz uma grande prova de amor no final do terceiro ato”

Geralmente usado para substituir a corrida de aeroporto no clímax do terceiro ato. Aqui vai da criatividade do roteirista, admito que algumas provas de amor desses filmes podem tocar fundo no coração e fazer a sua pessoa amada, que está vendo o filme do seu lado, bater no seu ombro e reclamar que você não é tão romântico assim. De forma geral é o homem que faz o ato romântico final, porque geralmente é ele quem faz a besteira que destrói o relacionamento. Falando nessa briga…

“A grande briga no meio do filme”

Isso é fundamental para construir o clímax do final do filme. Todo roteiro precisa de uma quebra na história bem no segundo ato. Como estamos falando de uma comédia romântica isso acaba se traduzindo na briga que separa o casal. Os motivos da briga é que variam de filme para filme.

“Um clipe musical fofo que mostra a evolução do relacionamento do casal”

Isso geralmente é usado para mostrar ao público o quão eles se dão bem e que estão cada vez mais próximos, entretanto isso é um momento sem muito conflito e sem muito desenvolvimento complexo de personagem. Geralmente essa parte é a transição do fim do primeiro ato para o começo do segundo. O mais legal geralmente é ver a musiquinha que eles escolhem para passar as cenas bonitinhas.

“O encontro do destino”

É o clichê que costuma colocar os dois sujeitos do casal frente a frente no primeiro ato. O que antes era só um dia comum se torna mágico quando as almas gêmeas se encontram. Existe um filme inteiro baseado nisso que é bem bacaninha, chamado “Escrito nas estrelas”, que trabalha todo esse conceito de destino e pessoas que estão destinadas a ficar juntas.

“Uma pessoa idosa ou criança que dá uma grande lição de moral em um dos protagonistas”

De todos esses clichês, esse é o que eu acho mais pobre. Trabalha com a ideia idiota que crianças e pessoas idosas são automaticamente puras e possuem uma sabedoria natural. Um estereótipo bem bobo que gera essas imagens de velhinhos se abraçando e crianças lacradoras que infestam o facebook. Filmes que usam esse clichê só alimentam ainda mais essa falsa verdade. No roteiro, esses personagens geralmente falam algo que resolve todas os problemas dos protagonistas com alguma frase de efeito “O amor é o que importa”.

“Uma cena de sexo que tem algo de cômico”

As comédias românticas que realmente se preocupam em ter algum elemento de comédia geralmente usam a cena de sexo para criar momentos engraçados, brincando com coisas como impotência, pessoas caindo na cama, sendo pegos em locais públicos e por aí vai. Muitos são óbvios, mas alguns realmente têm piadas engraçadas.

“Algum ex-namorado/namorada que se mostra como uma espécie de antagonista”

Esses personagens antagonistas geralmente são utilizados para criar a separação do casal no segundo ato. Alguns são realmente maus e outros são apenas pessoas normais, mas que acabam caindo nessa posição de “antagonistas” simplesmente por estar impedindo o casal de ficar juntos. Muitos desses filmes de protagonistas que percebem que a pessoa amada está casando e precisam impedir o casamento antes que perca seu amor para sempre, na verdade, tais protagonistas são os verdadeiros vilões de uma outra historia de amor. Um exemplo: O Casamento do Meu Melhor Amigo é uma história de como a Julia Roberts destrói um casamento feliz.

“Um dos protagonistas sempre tem um papo de que é frio e sem sentimentos, mas na verdade é só uma pessoa emocionalmente quebrada que precisa de um psicólogo”

Isso começou a ficar mais comum nos filmes recentes, porque os hipsters decidiram que ser romântico estava proibido, e agora todo mundo deveria ser frio e fechado em relação aos sentimentos. Os filmes começaram a apresentar esses personagens chatos que gostam de pagar de profundos, mas na solidão do domingo a noite veem todas as comédias românticas clássicas e choram em cima do segundo pote de sorvete que estão comendo sozinhos. Muitos desses personagens começaram a aparecer em filmes indies como Alta Fidelidade e 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você, dois filmes que gosto bastante.


Caso você tenha entrado nesse texto para destilar o seu ódio para com esse gênero amoroso, dê uma olhada no texto que fiz sobre Comédias Românticas Para Quem Não Gosta de Comédias Românticas. Também tenho um sobre Casais Icônicos da Cultura Pop. O mais importante é dizer quais clichês ficaram faltando e em que filmes eles aparecem, aqui nos comentários.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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