Sabe aquele tipo de filme que você sente que vários amigos resolveram realizar quando estavam sentados no sofá e discutindo o quanto é bom atuar e dirigir? Acho que Cake, dirigido por Daniel Barnz em 2014, saiu deste momento. É bem aquele estilo americano que tem uma história muito triste e a atriz que interpreta a protagonista tem que mostrar que consegue carregar a personagem até o fim sem parecer piegas e derrubar a peteca.

Na minha opinião, a Jennifer Aniston é uma graça. Boa atriz, parece ser uma pessoa agradável e “perfeitinha” do ponto de vista de beleza, mas nunca é levada a sério. O grande carma de fazer comédia. A mesma cruz que carregaram Jim Carrey, Robin Williams, Will Ferrell, Carol Burnett e tantos outros. É o típico rótulo que adoramos usar. Jennifer se saiu bem em todas as suas empreitadas em drama, como em “Por Um Sentido Na Vida” e “Amigas Com Dinheiro”, mas o pessoal sempre tem um pé atrás com comediantes fazendo drama.

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Bem, voltando ao filme, Jennifer está longe de ser “perfeitinha” em “Cake”. Está sem maquiagem, sebosa e chata, além de carregar várias cicatrizes no corpo (externa e internamente). É um filme que conta uma história terrível, um drama, onde a mãe perde o filho de uma maneira horrível e carrega, junto com o espectador, esse peso durante todo o tempo.

O mais interessante é que Claire (personagem de Aniston) não se importa em ser maldosa e desagradável. Acho que a ideia é essa mesmo, afastar todos de seu convívio. Mas embora ela tente, não consegue se desvencilhar de Silvana (a ótima Adriana Barraza de “Amores Brutos”, “Babel” e “Arraste-me para o Inferno”), sua empregada doméstica de nacionalidade mexicana. Silvana seria o mais próximo que poderíamos chegar de um Sancho Pança, uma fiel escudeira que se arrisca por seu Don Quixote. Ela chega até a levar Claire ao México para comprar drogas controladas que amenizem sua dor.

A trama principal é a obsessão de Claire por uma companheira de sessão conjunta de terapia para suicidas. Acredito que Claire, ao contrário do que demonstra, tem uma certa admiração mórbida pela suicida Nina. Papel dado de presente a Anna Kendrick, que na minha opinião é outra atriz “perfeitinha”, sendo que o único deslize foi ter participado da Saga Crepúsculo (me desculpem os fãs, mais uma vez). Na minha opinião Claire já morreu faz tempo, mas não teve coragem de consolidar o fato, então procura entender como Nina conseguiu.

O marido de Nina, Roy (Sam Worthington) é o personagem mais legal da trama. A maneira como ele lida com o suicídio da esposa e com a obsessão de Claire é tão natural e legal, que faz tudo parecer muito simples. Bem, eu acho Sam Worthington o típico ator operário, que executa seu trabalho com perfeição. E ele ganhou vários pontos comigo quando disse em uma entrevista que seu ídolo era Eddie Murphy, pois a cena da mesa de “O Professor Aloprado” era algo de gênio. O cara não foi piegas e citou os óbvios, pegou Eddie Murphy, o típico ator problema. Adorei.

Mas vamos deixar “o ganso e voltar para o pato”. Não é um filme que ficou comigo por dias (classifico os filmes que assisto desta forma, se me acompanhou ao final da sessão, com certeza entram na minha lista mental), mas certamente é um filme para ser assistido por quem curte interpretações, como disse acima. E para curtir interpretações o filme deve ser assistido legendado. Nada contra quem curte um filme dublado e prestigia o trabalho de nossos dubladores, mas acho que para analisar interpretações devemos assistir ao filme em seu idioma original.

OBS: Achei a explicação para o nome do filme o ponto alto de toda a trama. Mas isso daria mais um “textão” e já extrapolei no tamanho. Obrigada a quem teve paciência de lê-lo.

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