Essa é uma continuação de um texto que fiz há algum tempo atrás e que você pode dar uma olhada clicando aqui. Eu gosto muito de ver os primeiros filmes de diretores que eu gosto, pois podemos ver seus maneirismos, estilo e tudo mais, nascendo. Ou às vezes se chocar descobrindo que aquele artista que você gosta era completamente diferente no início de sua carreira. Alguns são péssimos, alguns sem graça, mas outros são ótimos desde o início.
“O Balconista”, de Kevin Smith (1994)
Eu sei que no título desse texto está o termo “grandes”, e acho que usá-lo para falar de Kevin é um tanto de exagero. Ele tem ótimos filmes no currículo, mas nada que o coloque na lista dos “melhores”. Ele está aqui pois Kevin ficou famoso por ser um diretor nerd e fazer diversas referências ao universo nerd em seus filmes, muito antes de essa cultura começar a ser exaltada. O Balconista conta a história de Dante, um balconista (quem diria) de uma loja de conveniência pequena. A ideia do longa é retratar um jovem sem perspectiva que está preso a uma rotina e a um emprego chato. Uma comédia que varia entre o inteligente e o escrachado, tendo personagens muito interessantes. A direção de Kevin não é muito inventiva, mas usa o preto e branco de um jeito bonito e a animação de forma inusitada. Vale muito a pena ser visto, além de ter uma continuação bem bacana que fecha a história de Dante.
“Um sonho de liberdade”, de Frank Darabont (1994)
Outro diretor onde o termo “grande” pode ser questionado, tendo em vista que ele só possui quatro trabalhos como diretor de filmes (longas), mas todos são sensacionais. Ele já chegou ao mundo das telonas chutando a porta com a adaptação de Stephen King que gerou um dos filmes mais incríveis de todos os tempos. Um homem é preso por assassinato e vemos sua nova vida na prisão sem ter certeza se ele é realmente culpado pelo que fez. É um desses filmes onde tudo é genial. Atores, trilha sonora do incrível Thomas Newman e um roteiro lindo e profundo em vários níveis. Se ainda não viu, pare tudo o que está fazendo e vá se deliciar com duas horas e meia que despertam todos os tipos de emoção que você possa imaginar.
“Kansas City Girls Are Rolling Their Own Now”, de Walt Disney (1921)
Aqui temos um caso extremamente curioso. Todo mundo já ouviu o nome Disney alguma vez na vida. Mas como ele surgiu? Na época, o cinema não existia como a mídia (e indústria) que é hoje. Filme nessa época era qualquer coisa que se passasse na grande tela, inclusive curtas. Hoje um curta não é chamado de filme, mas naquela época era. Então grandes nomes da origem do cinema nunca produziram um longa em toda a sua vida. Walt Disney é um desses nomes. Esse é seu primeiro curta animado onde podemos ver o próprio desenhando sobre a vida no Kansas. Vê-lo hoje pode parecer meio bizarro, porque é até meio difícil entender o que ele exatamente está querendo contar em sua filmagem, mas não são nem cinco minutos e podemos ver o embrião da animação e do animador que mudou o mundo. Ele está no Youtube e você pode ver várias dessas animações antigas sem problemas.
“Alien 3”, de David Fincher (1992)
Falamos desse filme no nosso podcast onde dissecamos a franquia Alien (que você pode ouvir aqui). Esse é um filme interessante, pois David o renega completamente. Ocorreram diversos problemas na produção e, justamente por esse ser o primeiro filme do diretor, a equipe como um todo não o respeitava, além da intervenção absurda dos produtores. O filme divide a opinião dos fãs, mas acredito que de modo geral o saldo é positivo, principalmente considerando o Alien 4. O importante é que depois ele nos presenteou com obras maravilhosas como Seven e Clube da Luta.
“Encurralado”, de Steven Spielberg (1971)
Um nome que dispensa apresentações e talvez seja um dos maiores cineastas de todos os tempos. Teoricamente esse filme não deveria contar como seu primeiro, já que esse filme foi inicialmente feito para TV, mas devido ao sucesso ele acabou indo para as telonas. Acompanhamos a história de um homem comum que começa a ser perseguido por um caminhão no meio da estrada que tenta matá-lo de todos os jeitos. Spielberg cria tensão, suspense e cenas de ação ótimas para o orçamento diminuto que ele possuía. Óbvio que o roteiro de Richard Matheson é ótimo e ajuda em muito, mas essa poderia ser uma história excessivamente ordinária, mas a direção a faz empolgante e tensa.
No último, texto a regra era a seguinte: não valia curtas, documentários ou filmes para TV. Eu abri duas exceções aqui por motivos óbvios, já que dois nomes são um dos mais importantes na área. No caso de Encurralado, o filme de fato foi para o cinema e merece ser visto para quem é fã do diretor ou de filmes de suspense. Quais são os próximos diretores para na sequência? Quais daqui vocês já viram? Deixe nos comentários e vamos conversar sobre cinema. Alias, a foto ali em cima, no topo do texto? É o jovem Walt Disney, durma com essa.