Absolutos: Réquiem da Ascensão é o segundo volume da Trilogia Absolutos. Para ler a resenha do primeiro livro, clique AQUI
2020 não tem sido muito bom de modo geral, mas algumas novidades que chegaram esse ano ajudaram a torná-lo um pouco melhor. Entre elas está o lançamento do tão aguardado (pelo menos por mim) Absolutos: Réquiem da Ascensão. No segundo volume da Trilogia Absolutos, Rodolfo Salles dá um passo além na construção de seu rico Universo e na evolução de seus personagens.
Mais de um ano se passou desde os acontecimentos finais de Sinfonia da Destruição. Sentindo-se traído por seus amigos, Érico decide se afastar e formar uma nova equipe de caçadores de Relíquias, rompendo seus laços com os Absolutos e renegando seus poderes. Contudo, seu Destino incerto como nono Absoluto o persegue e traz de volta seus antigos companheiros, as pendências passadas e um novo adversário, o Antares. Como se isso não fosse suficiente, um antigo império caído há milênios ameaça retornar, trazendo consigo guerra e destruição. Diante de tantos perigos, Érico questiona sua decisão de abdicar de seus poderes quando a vida daqueles que ama pode estar em risco.
Uma das primeiras coisas que pude perceber nesse segundo volume é que a quantidade de personagens aumentou consideravelmente em relação ao primeiro. Graças a isso temos diversos pontos de vista em diferentes lugares da galáxia de Eidola. Assim, o protagonista deixa de ser o foco principal e cede espaço para outras figuras que desempenham papeis importantes.
Outra novidade é que o autor nos apresenta ao Pior Lugar do Universo. O Sistema Estelar de Morgana é chamado assim devido às suas características hostis e planetas bem peculiares. Grande parte da narrativa se desenvolve nesse cenário e podemos ver outras formas de cultura, costumes e perigos.
Porém, nenhum perigo é mais iminente que o ressurgimento de impérios totalitaristas que ameaçam a paz universal, manipulando a população com falsas promessas e distorcendo fatos. Até mesmo o dilema de Érico em se tornar um Absoluto é menor que essa ameaça. Ainda nesse contexto, podemos perceber algumas semelhanças com a Trilogia da Fundação, de Isaac Asimov, mesmo que o Rodolfo não tenha especificamente essa obra do autor como referência.
O medo é o mais eficiente dos conquistadores.”
Assim que começaram a surgir novos personagens, achei que levaria algum tempo para me acostumar com eles, já que estava tão habituado à Família anterior de Érico. Porém a introdução da nova equipe do hacker foi feita de maneira tão cativante que a identificação com o áurelos Jacob, a meio-ánima Sibéria e a humana Van Raiden foi imediata, sendo que cada um tem uma peculiaridade fundamental para uni-los como um time de renegados.
Tanto as caras novas quanto as antigas tiveram seu devido desenvolvimento, que por sinal é um ponto de destaque em Absolutos: Réquiem da Ascensão. Mas nenhum personagem teve seu arco tão bem explorado quanto Camilo e Darwin. Descobrir o motivo da relação conturbada entre os dois lhes dá um novo significado e é impossível não se afeiçoar ainda mais a eles por tudo que passaram juntos e separados.
Essa resenha não estaria completa se eu não comentasse sobre o grande antagonista da trama: Argan Hall, o Antares. Mesmo que ele seja o suposto herói destinado a livrar o Universo da destruição, o título de antagonista lhe cai bem, pois é isso que ele parece. O sujeito é motivado por um senso de justiça quase cego, que limita sua forma de interpretar as coisas. Eu consigo entender as motivações dele, que são claras e bem desenvolvidas, e também admiro seu estilo durão, mas mesmo assim sua arrogância torna difícil torcer por ele.
O mundo se traduz num grande código lógico de múltiplas variáveis. Os Absolutos consistem no resultado errado da equação. Os Antares surgem para corrigir esse erro.”
E não são apenas o herói e o destruidor que parecem trocar de papéis. Esse livro consegue levantar questionamentos sobre até que ponto certas pessoas ou visões de mundo são boas ou ruins. Não dá para definir claramente bem e mal nesse caso, já que ambos estão misturados. Em última análise, o que resta poderia ser considerado um mal menor ou então necessário.
— Ninguém é cem por cento bom ou mau no Universo. Toda moeda tem dois lados e uma camada cinza entre as faces.”
Com tantas reviravoltas, revelações e emoções à flor da pele, Absolutos: Réquiem da Ascensão expande o Universo criado por Rodolfo Salles de maneira significativa. Com isso, o autor não só correspondeu às expectativas como as excedeu, mostrando que essa trilogia tem muito mais a oferecer e muitas outras camadas a serem exploradas até sua conclusão no terceiro e último volume.
Adicione Absolutos: Réquiem da Ascensão à sua biblioteca!
Leia a resenha do primeiro volume: Absolutos – Sinfonia da Destruição
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