Steven Sodebergh se tornou um especialista em dirigir  filmes sobre criminalidade e histórias intrincadas com investigação e planos mirabolantes. Apesar de já ter se aventurado em outros estilos, ele sempre acaba retornando a esses elementos de alguma forma. Esse ano seu trabalho no cinema é mais um desses filmes, que na verdade é sua especialidade máxima: grandes assaltos com planos absurdos.

A família Logan é conhecida pelas redondezas por ter um azar incrível. Os dois irmãos possuem problemas físicos e vidas medíocres. Quando um deles chega ao limite decide assaltar seu ex-trabalho com a ajuda de seus irmãos e alguns outros elementos do mundo do crime.

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O elenco de atores deste filme é bastante curioso, pois são figuras que você não imagina juntas e nem nos papéis que os atores costumam fazer. Channing Tatum faz o protagonista e mostra mais uma vez que não é só um rostinho bonito. Executa muito bem a figura de pai cansado e insatisfeito. Ele já havia trabalhado anteriormente com o diretor no filme Magic Mike. Adam Driver faz o irmão que perdeu um braço e vive complexado com isso, possui uma personalidade um tanto passiva, porém interessante. Daniel Craig é um especialista em explosivos e é o estereótipo do caipira do sul dos Estados Unidos, ele auxilia no roubo e está completamente excelente neste filme. 

Um dos problemas conceituais do Logan Lucky está justamente na personagem de Riley Keough que faz uma irmã dos Logan, e é completamente subutilizada na trama. Mesmo o filme sendo sobre família e ela ter participação relevante no assalto, a personagem não tem carisma e nem personalidade definida. Parece mais um assessório do plano do que uma pessoa em si. Os outros dois irmãos, por outro lado, são bem desenvolvidos, possuem motivações e questões interessantes a serem mostradas. O resto do grupo que participa do assalto é interessante com boas tiradas cômicas.

Ao mesmo tempo em que o roteiro de Rebecca Blunt tem várias falhas, acerta muito. No que diz respeito à estruturação do plano e de como ele é executado, não existem defeitos. É criativo, inusitado e pensa em todos os ângulos possíveis. O problema está justamente no que está em volta disso tudo. Alguns personagens perdem completamente a inteligência que possuíam até alguns minutos atrás. Diálogos ruins ou estranhamente posicionados no roteiro. Mas, ao mesmo tempo, amarra diversas pontas com elegância ao final do filme, além de misturar tons de comédia de forma sutil ao longo dos núcleos. Um exemplo é uma menção a um dos outros filmes de Steven Sodebergh com a temática de assalto. Levando em conta que esse é seu primeiro trabalho como roteirista, é possível dizer que é um acerto, além de mostrar um grande potencial para o futuro.

Outro problema é o filme estender demais os acontecimentos pós-roubo, algo que tem um porquê, pois existem pontas a serem amarradas, mas tudo é muito estendido. Aqui, no caso, seria uma falha do diretor não mostrar isso de forma rápida e dinâmica. Por outro lado, o roteiro também pede uma extensão maior de tempo nestes acontecimentos.

O filme é divertido, original em sua execução, mas acaba não sendo marcante e nem explorando os bons atores que possui, mesmo que eles estejam fazendo belas atuações. Para quem curte o subgênero de filme de assalto, a obra é interessante e vai agradar tanto pelo local que é assaltado a até como isso acontece, apesar de haver alguns clichês esperados.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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