É impressionante o quanto o filme Tubarão de Steven Spielberg é influente até hoje. É possível dizer que sozinho ele criou todo esse curioso subgênero de “filmes de tubarão”. Esta criatura ganhou o verdadeiro status de monstro no cinema e é constantemente utilizado como um tema para filmes de terror ou de suspense. Entretanto esse subgênero possui poucos filmes realmente bons. Medo Profundo é mais um deles que tenta te fazer segurar na cadeira de medo, mas faz mais bocejar do que qualquer outra coisa.

Duas irmãs viajam para o México com o intuito de se divertirem ao máximo em suas férias. Ambas saem para um passeio dentro de uma jaula para entrar em contato com tubarões. Quando um acidente ocorre, a jaula protetora onde elas estavam acaba caindo no fundo do mar e precisam sobreviver até serem resgatadas.

Filmes com poucos personagens e em locais limitados já são naturalmente mais difíceis de fazer como um todo. Diálogos que não podem recorrer a muitas pessoas e a necessidade gerar todos os eventos num espaço geográfico muito específico. É necessária muita criatividade no roteiro e uma direção afiada para manter o dinamismo. A ideia de duas pessoas presas no fundo do mar e cercadas por tubarões é naturalmente interessante, mas desafiadora de se pôr em prática.

As duas protagonistas de Medo Profundo são completamente desinteressantes e o primeiro ato falha completamente em criar um vínculo entre os espectadores e elas. Além de desinteressantes, são até um pouco egocêntricas e fúteis. Para ter uma noção,  a motivação de uma delas para entrar no passeio com os tubarões é só para fazer ciúmes no ex-namorado e mostrar o quanto ela está se divertindo sem ele. Tal pensamento é reforçado por sua irmã que dá força num momento de medo citando essa necessidade de fazer ciúmes no ex. Como se não fosse o suficiente este assunto é abordado mais uma vez, da mesma forma, quando elas já estão numa situação limite no fundo do mar. Toda a personalidade delas é baseada em provar algo para outros homens e boa parte de seu desenvolvimento de personagens é pautado exclusivamente nisso.

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A ação e o perigo são muito fracos. Os tubarões são bastante artificiais e a forma como eles se comportam é altamente artificial. Em nenhum momento acreditamos que aquilo está tentando simular um animal real. Existe pouquíssima criatividade em montar situações de perigo para as duas. As poucas que surgem são facilmente resolvidas. Este deveria ser um filme muito tenso, mas não é por uma série de motivos. Além dos já citados, a falta de engajamento na história é fatal. A combinação ruim de personagens fracas, com diálogos bobos e situações nada inventivas.

O segundo ato é outra falha. Diversas cenas entediantes e que não constroem nada. Acredito que a única forma de se divertir nesse momento é ficar torcendo para que o tubarão, em algum momento, pegue uma delas duas e tenhamos a chance de ver algo realmente emocionante na tela. O longa só se recupera no terceiro ato quando temos algumas reviravoltas interessantes. O problema é que o efeito que elas poderiam ter não alcança todo o seu potencial por ser uma história que já vinha se arrastando pelos dois primeiros atos. Mas mesmo assim isso eleva um pouco a qualidade do roteiro, mesmo que só em sua reta final, ainda assim Medo Profundo é um filme fraco e que não entretém.

Assista ao trailer de Medo Profundo:

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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