Filmes que tratam sobre a adolescência sempre acabam se focando na questão da descoberta sexual, algo que faz muito sentido pois é justamente neste período da vida em que a sexualidade começa a se manifestar de forma mais concreta. Entretanto, nas comédias, é bem comum que todo o plot do filme seja sobre homens desejando perder a virgindade de forma desesperada em festas com muito álcool e drogas. O sexo em si é colocado como o grande objetivo final e deve ser conquistado sob quaisquer circunstâncias. Mas de tempos em tempos aparecem histórias que tratam deste tema de forma diferente.
Três amigas estão se formando no ensino médio e decidem que essa será a noite que perderão suas respectivas virgindades. O problema começa quando os pais delas descobrem sobre tal acordo e iniciam uma busca para acha-las pela noite e impedir que elas cometam esse “grande erro”.
O que já torna o roteiro de Jim Kehoe e Brian Kehoe diferente é o fato de dividir a trama no ponto de vista das meninas e dos seus pais. Raramente vemos filmes adolescentes que retratem os pais de forma minimamente diferentes do que figuras bidimensionais. Entretanto o que vemos aqui é bem interessante em mostrar personagens adultos com mais personalidade do que simplesmente serem “os pais”. Leslie Mann faz a mãe preocupada em perder a filha para o mundo adulto e tenta impedir que ela vá para uma faculdade distante de casa. Essa atriz já é uma figura conhecida de diversos filmes de comédia ao longo dos anos. Ike Barinholtz é o pai que quer impedir que os outros pais atrapalhem noite das meninas, desejando que elas tenham uma vida sexual plena. Isso por si só já cria situações muito divertidas e interessantes. John Cena é o típico pai protetor que não quer que sua filha se torne uma mulher adulta. É importante ressaltar a participação dele no filme, já que o lutador vem demonstrando grande talento para comédias e realmente se provando com talento para atuação.
Sobre as meninas temos uma história mais padrão sobre descoberta da sexualidade, mas o que se destaca é o conflito vivido pela personagem lésbica. É curioso perceber que existem pouquíssimos filmes que falem deste tema. Essa comédia consegue fazer isso de forma bem divertida e natural, dando a esse filme um toque bem especial e único, diferenciando-o de outros besteiróis americanos.
Minha crítica pode fazer parecer que este é um filme com uma pegada mais séria e dramática, mas não é nada disso. A história continua sendo uma daquelas comédias bem escrachadas e que trabalha com situações absurdas para fazer rir. O típico longa que você junta os amigos para ver enquanto comem pipoca e tomam cerveja. A direção é de Kay Cannon, algo bem interessante se levarmos em conta que essa é a estreia dela como diretora, apesar de ter trabalhado nos roteiros da trilogia Escolha Perfeita.
Um ótimo filme para se assistir se você está passando por essa fase da vida e até mesmo com os seus pais caso eles sejam liberais o suficiente para ver um filme que fale sobre sexo. Mas não se preocupe, não existe nenhuma cena explícita ou qualquer coisa do tipo. Apesar dos pesares é um filme bem leve e com poucas cenas que podem ser consideradas “pesadas”. Um bom filme para quem busca uma comédia simples, divertida e que ao mesmo tempo tenha uma mensagem bacana.