Tijolômetro – Pinguim (1ª temporada):

Excelente!

O universo do Homem-Morcego sempre contou com vilões marcantes e complexos. Alguns deles se destacaram tanto que estrelaram produções solo como Coringa (2019) e Aves de Rapina (2020). Porém, quando foi anunciada uma série do Pinguim, a notícia foi recebida com desconfiança, já que o personagem foi secundário no filme de Matt Reeves e aparentava não ter o que oferecer para justificar um spin-off focado nele tal qual diversos seriados da Marvel hoje em dia. Felizmente estávamos todos enganados, pois Pinguim mostra não apenas a ascensão de um grande – e genuíno – vilão, mas também se consagra como uma das melhores séries do ano.

Após os acontecimentos de Batman (2022), Gotham encontra-se marcada pela desigualdade, tornando-se o ambiente ideal para que o submundo do crime dispute o controle da cidade. Nesse contexto caótico e sem lei, Oswald Cobb (Colin Farrell) – apelidado de Pinguim – é apenas um capanga da família Falcone. Contudo, ele fará o que for preciso para ser reconhecido e chegar ao topo da cadeia de comando.

A ambientação do programa cria o cenário perfeito para explorar todas as facetas do personagem-título até se tornar um dos maiores inimigos do Homem-Morcego. Em meio a tanta violência, traição e chantagem, Oz precisa ser mais esperto que todos se quiser sobreviver por mais um dia. Então ele não hesita em manipular quem quer que seja, mostrando o quanto é inteligente.

Para fazer contraponto ao Pinguim, surge Sofia Falcone (Cristin Milioti), conhecida como a Carrasco. Inicialmente, ela parece aquele tipo de figura criada para ser odiada, entretanto sua complexidade faz com que a personagem cresça a cada episódio ao ponto de conquistar a simpatia dos espectadores em determinado momento.

O carisma dessa dupla antagonista se deve ao roteiro e, principalmente, a seus intérpretes. Desde Batman, Colin Farrell surpreendeu com sua performance, ainda que pequena. Agora, ele tem espaço para expandir a personalidade e consolidar os trejeitos típicos do protagonista. Já a atuação de Cristin Milioti entrega uma Sofia perturbadora, misturando insanidade e lucidez até que ambas se confundam. No elenco, ainda se destacam Rhenzy Feliz como Victor, um rapaz cujo desenvolvimento é notável durante a trama, e Deirdre O’Connell interpretando Francis, a mãe de Oswald, a qual tem uma relação de altos e baixos com o filho.

No entanto, o maior trunfo de Pinguim é ser aquilo que se propõe a ser: uma série sobre o vilão da história. Por mais que Oz seja cativante em alguns momentos, desde o início ele dá sinais de sua verdadeira natureza. A criadora do programa, Lauren LeFranc, não tenta humanizá-lo ou fazer dele um anti-herói, como acontece em muitas produções do gênero. Ele simplesmente é o que é.

Após os 8 episódios da temporada provavelmente só voltaremos a encontrar Oswald em Batman 2, previsto para 2026, o que deixa incerto se haverá um segundo ano para a obra. O desfecho faz questão de deixar essa conexão com o Homem-Morcego bem explícita, mas também faz menção a alguém específico que pode retornar no futuro filme de Matt Reeves.

Pinguim foi uma grata surpresa em diversos aspectos, fugindo das armadilhas e clichês que uma produção desse tipo pode oferecer. O que poderia ter sido mais uma série genérica e descartável sobre um vilão acabou se revelando uma narrativa envolvente e complexa dentro de um universo maior que ainda tem muito a explorar.

Assista ao trailer:

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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