Tijolômetro – Pobres Criaturas (2023):
Pobres Criaturas foi um dos grandes vencedores do Oscar 2024, faturando quatro estatuetas dentre as 10 que estava disputando. Porém, mesmo com o visual belíssimo e a atuação vencedora de Emma Stone, o filme de Yorgos Lanthimos escolhe focar em uma abordagem polêmica e exagerada para desenvolver a trama.
Ambientado na Era Vitoriana (1837-1901), o longa acompanha a trajetória de Bella Baxter (Emma Stone), uma jovem que foi salva graças aos procedimentos nada ortodoxos do Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe). Devido à gravidade do seu caso, Bella precisa reaprender tudo do começo desde andar, falar e até pensar por conta própria. Movida por um desejo de explorar o mundo, a moça foge com o advogado Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo) e, nessa viagem, descobre diversas coisas sobre si e as pessoas à sua volta.
Pobres Criaturas é uma sátira que adapta o livro homônimo escrito por Alasdair Gray e abraça um cenário fantasioso concebido pela mente de um cientista louco. Tanto as experiências com animais quanto as invenções inusitadas do Dr. Godwin – ou God (deus), como gosta de ser chamado – dão um ar de ficção científica steampunk à produção que, em muitos aspectos, principalmente na figura da personagem central, faz referências ao clássico da literatura Frankenstein, de Mary Shelley.
Dentro desse contexto, Bella Baxter está na sua jornada pessoal por autoconhecimento, e o caminho pelo qual ela inicia essa busca é através do sexo. Não haveria problema algum nessa abordagem caso as cenas de nudez e de ato sexual não fossem excessivamente apelativas com o único intuito de chocar e causar polêmica. O resultado é um desconforto constrangedor que ofusca a verdadeira proposta do filme e desperdiça tempo demais focando apenas nesses momentos.
Somente quando Emma Stone não está protagonizando tais cenas, podemos vez por que ela ganhou o Oscar de Melhor Atriz. Ela consegue imprimir diversas nuances à personagem, que evolui aos poucos da mente de uma criança para a de uma mulher adulta. Willem Dafoe também é destaque, mesmo com pouco tempo de tela; enquanto Mark Ruffalo ficou com a indicação a Melhor Ator Coadjuvante, mesmo não sendo páreo para o vencedor, Robert Downey Jr em Oppenheimer.
A produção não ganhou em Melhor Fotografia, contudo entrega ambientação e cenários criativos, com uma paleta de cores que transita do preto-e-branco para o colorido vívido conforme o desenrolar da narrativa. O destaque vai para o figurino, a direção de arte e o cabelo e maquiagem, que garantiram os outros três Oscars do longa.
Pobres Criaturas tem uma premissa interessante, um elenco memorável e características técnicas que fazem com que o filme tenha o devido reconhecimento. Porém a escolha na forma como decide contar sua história, baseando-se em cenas feitas meramente para chocar e incomodar, tira boa parte do brilho de sua criatividade.
Assista ao trailer de Pobres Criaturas:
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