Ter a oportunidade de crescer vendo os filmes do “Garanhão Italiano” foi um privilégio que agradeço por ter tido. Posso dizer, com a maior certeza, que foram filmes que me ensinaram demais, ver a saga de Rocky Balboa muitas vezes nos tira da simples experiência de ver só um filme e nos transfere pra uma sala de aula. Bom, e se eu te dissesse que a história do pugilista que inspirou Stallone a criar o nosso boxeador da Filadélfia não é tão vitoriosa e muito menos inspiradora? Punhos de Sangue vai nos contar a história do Rocky da vida real, como ele gostava de ser chamado, Chuck Wepner. O cara que era um lutador de destaque mediano em sua cidade, mas que aguentou 15 rounds com a lenda Muhammad Ali.

Em meados dos anos 70 Muhammad Ali já era dominante no boxe mundial, faltavam adversários. Chuck Wepner (Liev Schreiber) foi o escolhido para disputar o cinturão mundial, era uma luta comercial, queriam um lutador branco enfrentando Ali. Só não esperavam que um lutador de pequenos clubes pudesse aguentar os 15 assaltos com o campeão e, ainda por cima, conseguir levá-lo a lona. Wepner não era um lutador tão habilidoso, mas conseguia aguentar socos e não desistia, marcou seu nome no boxe como um cara que aguentava apanhar. Saindo dos ringues, Chuck, em essência, não era um cara ruim, mas não cumpria seus deveres como marido e nem pai, foi se tornando um cara meio patético, não soube lidar com o sucesso de sua luta e acabou se afundando nos desprazeres dos anos 70, com o uso excessivo de drogas.

O que ajuda a tornar Punhos de Sangue mais interessante é que não vemos só a luta de Wepner contra Ali, também vamos presenciar o momento em que Chuck recebe a ligação sobre o roteiro de Rocky e sua inspiração para esse roteiro. Em especial, podemos ver Morgan Spector interpretando Stallone e isso é muito legal, os encontros entre o ator e o lutador são bem feitos e muito importantes para podermos notar que Wepner era um cara que tinha seu valor e que não se tornou uma pessoa amargurada por não ter ganhado a grana que sua história gerou.

O elenco do filme é excelente, Elisabeth Moss já é uma atriz consolidada, por conta de seu excelente trabalho na série de TV Mad Men, no filme ela interpreta Phyllis, a primeira esposa de Wepner e mãe de sua filha. Ron Perlman interpreta Al Braverman o agente e dono da academia que Chuck treinava e, por fim, Naomi Watts é Linda, a atual esposa do ex-boxeador. Liev Schreiber faz provavelmente a atuação de sua vida, é impressionante a sua dedicação ao papel e a sua atuação física, conseguiu conduzir o longa e conciliar com as fases da carreira do lutador. A direção do filme ficou por conta de Phillipe Falardeau, seu trabalho foi pouco inventivo, fez o básico. Não prejudicou o longa, mas também não acrescentou nada a ele.

Podemos ver nos cinemas uma ótima história que provavelmente o público, em sua maioria, não conhecia. As semelhanças da vida de Chuck Wepner e Rocky Balboa se limitam a ascensão repentina e a perseverança nos ringues. Punhos de Sangue é um bom filme que cumpre seu papel de contar uma história real até então pouco conhecida, mesmo que não seja o suficiente para ser um filme marcante, pelo menos irá te despertar a vontade de rever os filmes do “Garanhão Italiano”.

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