Todo nós temos medo: medo de algum animal, medo de adoecermos, medo de altura, medo da morte… Esses temores são todos justificados e plausíveis para um adulto, que os julga como possíveis de se concretizarem. Para as crianças não é muito diferente, porém a capacidade que elas têm de se impressionar e criar monstros na imaginação faz com que, do ponto de vista delas, seus medos sejam ainda mais intensos que os dos adultos. Isso as transforma em presas fáceis para A Coisa, uma criatura sobrenatural concebida por Stephen King nesse clássico do terror.

A trama começa em 1958, em Derry, uma cidadezinha do Maine, onde uma onda de violência e assassinatos deixa um rastro de sangue. É nesse clima de medo que sete crianças – Bill, Ben, Richie, Stan, Eddie, Mike e Bev – se unem para enfrentar, pela primeira vez, a Coisa, a criatura responsável por esses crimes. 27 anos depois, Mike, o único que permaneceu em Derry por todo esse tempo, convoca os antigos amigos para retornarem, pois os acontecimentos de 1958 estão se repetindo e só eles podem deter a Coisa.

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Lendo esse livro hoje, foi impossível para mim não associá-lo ao clima dos filmes dos anos 80, onde um grupo improvável de amigos, cada um com peculiaridades que os caracterizariam como “perdedores” na sociedade, se unem em uma aventura perigosa. Foi quase como o filme Conta Comigo, com a diferença de que no livro de King são sete amigos que precisam enfrentar um monstro que se alimenta de crianças.

Esse monstro, uma Coisa indefinível, pode assumir a forma do seu maior medo e usá-lo contra você. Sendo assim, a natureza sugestionável e inocente das crianças as coloca como o principal alvo desse ser. É dessa forma, então, que o autor vai explorando o psicológico de cada um dos personagens, e isso tem mais importância na trama do que o terror propriamente dito, uma vez que podemos perceber como dramas familiares podem ser representados na forma de monstros na imaginação de uma criança e quais seus reflexos na vida adulta.

Outro ponto que torna a história interessante é que ela se alterna entre 1958, quando os personagens ainda eram pequenos, e 1985, quando eles já estão adultos e com mentalidades totalmente diferentes, onde vão redescobrindo a força que a fé infantil pode gerar e que esse é o único meio de escaparem disso com vida.

Assim, as 1.104 páginas do livro fluem de forma fácil até chegarmos a um final surpreendente que empolga pela forma habilidosa como foi narrado pelo autor.

Para encerrar, a mensagem principal de It – A Coisa é expressa pelo próprio King em uma dedicatória aos filhos, logo nas primeiras páginas: “a ficção é a verdade dentro da mentira, e a verdade desta ficção é bem simples: a magia existe”.

Adicione este livro à sua estante!

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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