Um fato é que a Netflix vem encontrando dificuldade em produzir bons filmes. O formato série já estabeleceu um relativo sucesso dentro da produtora, mas, gradativamente, vem apresentando alguns erros que tiraram seu brilho de “a inovadora da internet”. A Netflix precisa emplacar um grande filme. Sua mais recente tentativa foi um suspense com toques de terror sobre invasão de uma casa. Será que eles acertaram dessa vez?

Após a morte do pai da família, mãe e filho vão morar numa casa isolada em uma região montanhosa. Além de terem que lidar com o luto e as extremas dificuldades financeiras, existem indícios de que a casa que habitam está sendo constantemente invadida por alguém.

A essência do roteiro é clichê e isso não é um problema. Um clichê bem feito sempre é bem vindo quando bem utilizado e feito por pessoas que entendem de tais clichês. O suspense com tons de terror talvez seja um dos gêneros que mais abuse de repetições e lugares comuns. O grande problema de Vende-se essa Casa é que nem clichês parece possuir de tão vazio que esse filme é. Existe um grande vazio no roteiro e durante boa parte do desenvolvimento da história nada acontece. Apesar de comum, a história de mãe e filho de luto num lugar estranho é repleta de potencial, mas nada acontece.

Tanto a direção quanto o roteiro são de responsabilidade de Matt Angel e Suzanne Coote, ambos estreantes nos dois campos. No quesito direção, temos todos os gatilhos batidos do gênero. Trilha alta com metais e cordas para gerar expectativa, sequências de sonho assustador e pulos na tela que se provam falsos. O único momento em que o filme se mostra interessante é justamente em seu clímax, mas não atinge seu potencial, pois não houve uma construção para que o espectador ficasse investido emocionalmente com a trama. A finalização em si dá a sensação de tempo perdido e de uma história que nada tinha para contar.

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Os atores principais, Dylan Minnette e Piercey Dalton, até se esforçam para entregar seus personagens, mas faltam bons diálogos e momentos para mostrarem seus trabalhos. Mãe e filho colocados em uma situação tensa e conflitos internos que não são trabalhados e Existem outros personagens secundários com potencial, mas nada é feito com eles. Na verdade, nada é feito com o filme em si.
É impressionante a quantidade de tempo que os protagonistas passam sem fazer nada e as cenas que não possuem propósito. Falta substância no roteiro e, por consequência, a direção fica sem ter com o quê criar suspense em cima e acaba apelando para os gatilhos clássicos de filmes de terror. No fim, esse acaba sendo só um filme entediante. Tudo o que um suspense não pode ser.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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