A Pixar já chegou num nível onde seus filmes são ansiosamente esperados. Tão esperados quanto outras grandes produções. O estúdio ensinou ao mundo que animações podem ser amplamente apreciadas e não são algo feito exclusivamente para crianças. Toy Story, por exemplo, já configura como uma das grandes trilogias do cinema. E isso é dito totalmente sem ironia. Por isso, quando uma nova produção sai, já é esperado algo de alto nível.

Miguel vive o sonho de ser um grande músico, mas sua família é radicalmente contra a música como um todo. Ele vem de uma longa tradição de sapateiros e vive este conflito entre tradição e sonho. Quando acidentalmente vai parar no mundo dos mortos, esse conflito geracional ganha novas proporções.

Quando vi esse filme em cartaz fiquei curioso, pois já existia uma animação extremamente parecida com a proposta pela Pixar. Festa no Céu foi lançado em 2014 e também trata do Dia dos Mortos através do conflito de gerações e da música. Sim, todos os temas que vemos em Viva: A Vida é uma Festa já estavam presentes neste outro filme, que é muito bom por sinal. Entretanto, conseguimos ver uma história original mesmo com conceitos repetidos de um longa recente.

  Em termos técnicos e visuais, a Pixar dá um novo passo e mais uma vez gera um espetáculo visual de encher os olhos. Tanto no mundo dos vivos quanto dos mortos temos momentos extremamente belos e que abusam das cores. Os humanos são bastante realistas e conseguem caminhar perfeitamente entre o caricato da animação e formas mais próximas do mundo real. No mundo dos mortos temos ideias e conceitos inventivos para retratar o além-vida e até esquecemos que esta é uma animação infantil que se passa com diversos personagens mortos.

 No seu primeiro ato e no inicio do segundo temos uma história bastante comum e em dados momentos até previsíveis. Em parte isso se entende, pois é preciso estabelecer os personagens e seus dramas e explicar parte do funcionamento do mundo dos mortos. Depois que passamos desta etapa, nos deparamos com uma história mais profunda e com reviravoltas muito interessantes.

A obra como um todo é bastante sensível e até bem ousada para produções sob a tutela da Disney. Digo isso não só pela temática da morte, mas pela forma em que ela é abordada e em como alguns acontecimentos da trama são apresentados. A mensagem geral é até um tanto clichê e de certa forma já a vimos em outros filmes infantis, mas são temas universais e que sempre são interessantes justamente por serem tão comuns. Mais um acerto da Pixar. Não um dos seus melhores filmes, mas, ainda assim, algo impressionante.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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