Para certos personagens da Marvel Comics a perspectiva de futuro pode ser apocalíptica. Mesmo assim, nunca se deve parar a luta por dias melhores, principalmente se você tiver a oportunidade de torná-los possíveis de alguma forma. É esse tipo de contexto que os leitores encontrarão no livro X-Men: Dias de um Futuro Esquecido de Alex Irvine, uma adaptação das histórias em quadrinhos da dupla Chris Claremont (roteiro) e John Byrne (arte). 

Publicada pela primeira vez em 1981, a história original homônima é considerada um dos arcos mais célebres da história dos X-Men. Na nova versão da obra somos apresentados a um futuro sombrio e apocalíptico em que as máquinas caçadoras de mutantes conhecidas como Sentinelas dominam a América com punhos de ferro. Quase todos os mutantes foram exterminados. Os poucos que ainda restam estão confinados em campos de concentração, impedidos de usar seus poderes e ostentando um infame e humilhante ‘M’ em seus uniformes obrigatórios. Determinados a lutar contra seus opressores robóticos, os remanescentes do grupo mutante elaboram um arriscado plano em que Kate Pryde deve viajar de volta no tempo trocando de consciência com sua versão de 13 anos no passado para alertar seus companheiros e impedir o evento chave que desencadeou a ascensão dos Sentinelas e o reinado de tirania contra os mutantes.

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Diferente de Guerras Secretas, Alex Irvine teve em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido um desafio bem maior e diferente. Enquanto a saga adaptada por ele tinha um material base mais extenso, o arco original da HQ dos X-Men é exatamente o contrário: uma hq de apenas duas edições. Desse modo, alguns leitores podem prontamente ficar com a suspeita de que a obra do autor pode ter muito conteúdo desnecessário até a conclusão. Felizmente, não é isso o que acontece pois o escritor contorna essa dificuldade desenvolvendo e dando mais profundidade aos acontecimentos das duas narrativas temporais, a do presente de Kitty Pryde e a do futuro de sua versão mais velha depois da troca de consciências no tempo, um detalhe que é um diferencial na experiência de leitura pois a deixa mais dinâmica e interessante.

Outro ponto importante é como o autor soube trabalhar as características dos mutantes, isso tanto na descrição das cenas de ação como nos comportamentos deles. Esse detalhe é perceptível principalmente em situações protagonizadas pelo Wolverine. Os leitores conseguirão imaginar com tranquilidade a intensidade de suas lutas, assim como o impacto delas. O mesmo pode ser dito em relação às nuances de sua personalidade, tornando fácil de reconhecer quando está presente, seja pela sua falta de paciência para lidar com certas situações tensas como pelo seu senso de humor único. Outros personagens como Colossus e Tempestade também são bem desenvolvidos e merecem o devido destaque, principalmente em momentos mais dramáticos. 

No entanto, Kitty Pride é quem se destaca mais. Em sua versão futura, que prefere ser chamada de Kate, a mutante com poderes de intangibilidade serve como representante de alguém que já viveu o impacto de um tempo destruído pelo ódio e preconceito enquanto a mais nova representa todo o medo do desconhecido daquele nada admirável mundo novo no qual foi lançada com a troca. Não é à toa que no decorrer da leitura fica cada vez mais instigante acompanhar a jornada das duas nos diferentes contextos em que estão inseridas. 

Isso é um risco que temos de correr, Peter –  ela disse. De que importa o amor entre duas pessoas em comparação à vida de bilhões? Nem sei o que vai acontecer com aminha versão mais jovem. Talvez eu me desfaça. Mas se nosso amor for mesmo pra ser, vai ser de qualquer jeito. Só que dessa vez vai ser num mundo em que nossos filhos vão poder crescer livres e sem medo”

Mesmo sendo mais uma versão de uma história que inclusive foi adaptada para o cinema há alguns anos atrás, a leitura de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido está longe de ser uma perda de tempo. Quem tiver a oportunidade irá conferir um livro que compensa a experiência dos leitores com uma aventura muito bem adaptada e desenvolvida por um autor com experiência em traduzir com qualidade a essência do material original.

Adicione este livro à sua biblioteca!

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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