A viagem no tempo é possível. Eu sei pois vi mutantes enviarem uma heroína ao passado para salvar sua espécie da extinção, um velocista alterando a linha do tempo e até mesmo clássicos do cinema e da tv expandido seu próprio universo ficcional nos quadrinhos. Isso e muito mais encontraremos nas viagens que serão feitas nos próximos parágrafos. Então, segurem-se em algum lugar e lembrem-se: “Aonde vamos, não precisaremos de estradas.”

No inicio dos anos 80, Chris Claremont e John Byrne uniram forças para contar uma das histórias mais conhecidas dos X-Men: Dias de um Futuro Esquecido. Em sua trama, conhecemos um futuro alternativo em que os mutantes são mantidos em campos de concentração. Para mudar esta realidade, o grupo de resistência mutante encontra uma forma de enviar a consciência de Kitty Pryde, já adulta, para a sua versão jovem em 1980. A missão dela é impedir um assassinato que desencadearia uma histeria anti-mutante e levaria ao futuro apocalíptico em que ela vive. Este arco, publicado nas HQs Uncanny X-Men #141 e #142, serviu de inspiração para o filme X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido e também já foi adaptado para livro em versão escrita por Alex Irvine. Para uma análise mais completa, recomendo este vídeo do canal Nerd All Stars.

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Um detalhe interessante está na relação entre as premissas de Dias de um Futuro Esquecido e Exterminador do Futuro (1984). Em ambas, as máquinas (Sentinelas e Terminators) subjugaram a humanidade e um grupo de resistência utiliza o recurso da viagem no tempo como forma de resolver a situação. Curiosamente, o filme dirigido por James Cameron foi lançando alguns anos depois da publicação das HQs. No entanto, não há nada que comprove que o cineasta se inspirou no trabalho da dupla Claremont e Byrne. Talvez porque provavelmente alguns anos antes, mais precisamente em 1972, um arco de episódios de Doctor Who intitulado “Day of the Daleks” mostrava um futuro (ano de 2162) dominado pelos Daleks. Segundo este artigo do site Judao, essa foi a inspiração para o filme protagonizado por Arnold Schwarzenegger.

Nossa próxima viagem é em Flashpoint, ou Ponto de Ignição como ficou conhecido nas publicações da Panini. Por conta de alterações na linha do tempo do Flash, a saga criou um reinício do universo DC em que heróis como Batman (Thomas Wayne), Mulher-Maravilha e Aquaman não são mais os mesmos. Não só isso como foi muito importante para a fase dos Novos 52. Já foi adaptada para a série de tv do Flash e também para um longa animado. Por conta de todo sucesso e repercussão do material original, muitos fãs e produtores de conteúdo comentam sobre a possibilidade de introduzirem Flashpoint nos cinemas como forma de consertar os erros dos filmes. Inclusive, a ideia foi cogitada para o filme solo do velocista, mas até o momento não há nada que confirme que isso realmente vá acontecer em um futuro próximo. (Sem trocadilhos)

Uma terceira parada nos leva aos quadrinhos de Doctor Who. Afinal de contas, seria um pecado nerd falar sobre viagens no tempo sem mencionar o bom e velho doutor (ou doutora, se for o caso da regeneração atual) que além de viver suas aventuras na tv há mais de 50 anos também explora o tempo e espaço na nona arte. Sobre isso, vale ressaltar que as histórias de Doctor Who são as mais variadas possíveis seja pelo fato de termos títulos diferentes para cada regeneração do protagonista ou pela possibilidade de ver algo além do que é mostrado na série. Isso ocorre porque nos quadrinhos há uma expansão do universo do senhor do tempo, o que possibilita apresentar novos companions e criar até mesmo uma cronologia própria que se relaciona com a oficial e canônica da tv. Para saber mais sobre isso, recomendo este artigo do site Doctor Who Brasil sobre as publicações do personagem pela Titan Comics. Outra recomendação fica para este episódio do DWBRcast que mostra como as HQs e outras produções como audiodramas mantiveram a história da série quando a mesma esteve em hiato.

Por último, fica uma menção honrosa mais do que merecida à uma clássica trilogia de filmes que ganhou uma espécie de “sobrevida” nas HQs: De Volta para o Futuro. Neste encadernado, os fãs das aventuras de Martin Mcfly e Doc Brown poderão descobrir várias curiosidades sobre momentos não mostrados nos filmes. Perguntas sobre o que aconteceu com o DeLorean após ser roubado pelo velho Biff em 2015 e motivo pelo qual os pais de Marty nunca mais questionaram sobre um tal “Calvin Marty Klein” são finalmente respondidas. Para mais informações, recomendo este review completo do canal Geektopia e a leitura gratuita do primeiro capitulo da edição da editora Novo Século.

Então, é isso meus caros leitores viajantes do tempo. Espero que tenham apreciado a viagem tanto quanto eu. Agora é chegada a hora de estalar os dedos e abrir as portas da TARDIS (ou do DeLorean) e partir em busca de novas histórias sobre essa temática tão interessante de explorar. Certamente existem muitas outras histórias desse tipo e, sinceramente, não sei quando voltarei a falar sobre elas. Sobre isso, resgato uma fala do Doutor Brown nos momentos finais de De Volta para o Futuro III:
“O seu futuro ainda não foi escrito. Não existe. O seu futuro é o que você quiser fazer, portanto faça-o bem.”

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Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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