Tijolometrô: A Hora do Vampiro (2024)
Lançado em 2024 e disponível para streaming, A Hora do Vampiro se apresenta como mais uma adaptação do clássico livro Salem’s Lot de Stephen King. A premissa inicial prometia entregar um terror sombrio e envolvente, porém o resultado final deixou muito a desejar. O filme decepcionou tanto que já é comentado como um dos piores filmes de vampiro dos últimos tempos, ao falhar em capturar a essência assustadora e profunda da obra original. Foi triste criarmos certa expectativa por isto e vermos desmoronar rapidamente em uma experiência frustrante e inconsistente.
Na trama de A Hora do Vampiro, acompanhamos o escritor Ben Mears, que retorna à sua cidade natal, Jerusalém’s Lot, em busca de inspiração. Ele logo descobre que algo sombrio assola o lugar, e a população começa a sucumbir à presença de um mal ancestral. Este enredo é uma tentativa de transportar para as telas o livro Salem’s Lot, de Stephen King, uma das histórias de terror aclamadas do autor que você pode conferir nossa resenha aqui. Porém, as adaptações das obras de King para o cinema sempre foram problemáticas, muitas vezes devido à falta de sensibilidade para entender a profundidade e os temas subjacentes de seus livros. Desde a minissérie de 1979, dirigida por Tobe Hooper, até outras tentativas menores, Salem’s Lot jamais encontrou sua versão definitiva no audiovisual. No entanto, nos últimos anos, houve uma espécie de renascimento das adaptações do Mestre do Horror, com títulos como It: A Coisa e Doutor Sono, que demonstraram maior apreço pelo material original. Mas A Hora do Vampiro parece ignorar essa tendência de qualidade, retornando aos velhos problemas de roteiro, direção e execução que fizeram das adaptações de King algo, por vezes, temido pelos próprios fãs.
Desde o início, a produção do filme enfrentou dificuldades. O filme sofreu uma série de adiamentos e alterações de cronograma, com um lançamento originalmente planejado para o cinema que acabou migrando para o streaming. Esses contratempos deixaram o público receoso quanto à qualidade da obra, e, infelizmente, os temores se confirmaram. No elenco principal, temos Lewis Pullman como Ben Mears, interpretando o protagonista que, mesmo com um histórico decente de atuações, não consegue se destacar devido às limitações impostas pelo roteiro frágil. Ao seu lado, Makenzie Leigh como Susan Norton e William Sadler como o coveiro Mike Ryerson tentam agregar, mas o desenvolvimento de seus personagens é praticamente nulo. Mesmo com algum potencial padrão de obras de King, o filme perde seu rumo ao longo dos extensos minutos, revelando uma direção de Gary Dauberman perdida em meio aos próprios obstáculos.
Um dos aspectos mais frustrantes de A Hora do Vampiro é a superficialidade com que trata personagens e enredos promissores. Ben Mears, o protagonista que retorna para Jerusalém’s Lot buscando enfrentar seus demônios internos e seu passado, é apresentado de forma apática, e seu trauma ligado à cidade nunca recebe o destaque necessário. A relação conturbada entre Susan Norton e sua mãe, que deveria trazer camadas emocionais e complexidade à trama, passa despercebida. Além disso, o vampiro mestre, Sr. Barlow, parece um vilão feito à base de conveniências de roteiro: seus poderes aparecem ou somem conforme a trama exige, tornando-o uma figura inconsistente e pouco ameaçadora. Outros personagens, como Mark Petrie, a criança corajosa que deveria simbolizar a resistência contra o mal, acabam sendo reduzidos a estereótipos sem profundidade, em nada lembrando a complexidade presente na obra de King. O filme desperdiça oportunidades de explorar esses conflitos e traumas, gerando uma narrativa fragmentada e sem impacto.
O roteiro de A Hora do Vampiro chega a ser desrespeitoso com a própria audiência ao apresentar tamanha quantidade de cenas incoerentes e escolhas ilógicas. A narrativa é conduzida por uma série de conveniências que enfraquecem qualquer tentativa de imersão no enredo. Desde Mike, o coveiro que adormece em seu trabalho, até a ideia de que quase toda a cidade se transforma em vampiro em uma velocidade absurda, o roteiro desmorona. Uma das escolhas mais absurdas é a cena em que os vampiros são vistos dormindo dentro de malas no porta-malas de carros, sem qualquer explicação plausível para tal cenário. Esses elementos transformam o filme em uma sequência de absurdos e desleixo narrativo que só reforça a sensação de que algo crucial foi cortado na edição final.
Quando o filme atinge seu ato final, o público já não tem mais interesse pelo desfecho. A falta de conexão com os personagens e a sucessão de cenas apressadas, sem consequência e com backgrounds desperdiçados, fazem com que o espectador deseje apenas que a experiência acabe logo. A derrota do vilão, sem peso ou sentido, apenas simboliza o fim de uma adaptação desastrosa. A Hora do Vampiro não só falha em fazer jus à obra de Stephen King, como também se destaca negativamente como uma das piores adaptações do autor, desonrando o material original e frustrando até os fãs mais dedicados.
Ficha técnica:
Título: Salem’s Lot (original)
Data de lançamento: 3 de outubro de 2024
Diretor: Gary Daubermam
Duração: 113 minutos
Gênero: Terror, Thriller
Classificação: 16+
País de Origem: Estados Unidos
Assista ao trailer:
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