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Artemis Fowl é uma série de livros infanto-juvenil que possui 8 volumes que contam as aventuras de um super gênio de 12 anos num mundo cheio de magia. Desde 2001 a Disney promete fazer uma adaptação do livro, já possuía seus direitos cinematográficos comprados antes do primeiro volume ser publicado. Essa série de livros é bastante cultuada dentro de seu gênero e segue o estilo Harry Potter e Percy Jackson de aventuras fantásticas.

Depois que o pai do jovem prodígio Artemis é sequestrado, esse gênio de 12 anos entra em conflito com uma raça de seres mágicos que vivem em segredo no subsolo. Para salvar seu pai ele precisa descobrir onde está um artefato mágico que pode mudar o destino do mundo.

O diretor desse longa é ninguém menos que Kenneth Branagh. Ele é um dos meus diretores favoritos e gerou algumas obras geniais como suas adaptações de ultra fies de Shakespeare para o cinema e coisas mais recentes como Assassinato no Expresso do Oriente. Em minha opinião ele fez uma das melhores adaptações de Frankenstein para o cinema com seu filme de 1994. Mas ele também tem algumas coisas menos interessantes como o primeiro filme do Thor para o MCU.

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Mas de tudo que ele já fez certamente Artemis Fowl pode ser considerado seu pior filme.

Devo dizer que nunca li essa série de livros então analisarei somente o filme por ele mesmo e sem nenhuma referência anterior. Vale dizer que a adaptação para o roteiro cinematográfico foi feita por Conor McPherson e Hamish McColl sendo esse último responsável pelos roteiros de O Retorno de Johnny English e As Férias de Mr. Bean.

Esse filme é bem ruim. Esse é o jeito mais prático de resumir. Mas por quê? O problema mais absurdo que me saltou aos olhos foi a edição. Algumas cenas parecem não possuir conexão nenhuma entre si e em outros casos claramente estão faltando cenas que conectam momentos. O filme perde o seu sentido porque claramente faltou alguma coisa entre uma cena e outra. Personagens aparecem em lugares onde não estavam e objetos se movem de um lugar para o outro sem motivo aparente. Tudo isso graças a uma edição desastrosa. Esse é um erro muito primário para um filme com o orçamento de 125 milhões de dólares.

Aliás, esse é um filme que claramente foi produzido e idealizado para ir ao cinema, mas muito provavelmente por causa do coronavirus ele foi lançado diretamente no Disney+ o serviço de streaming da Disney. Os efeitos especiais são interessantes e a produção é de longe uma das melhores coisas do filme.

Infelizmente as atuações também não são das melhores. Nosso protagonista é vivido por Ferdia Shaw, lembrando que esse é seu primeiro filme e trabalho como ator. Sua atuação é completamente desinteressante e o roteiro não ajuda em cativar você em saber mais sobre esse menino gênio, que supostamente deveria ser um mestre do crime mesmo que isso nunca seja evidenciado de verdade ao longo da história.

Em termos de atores de renome temos três figuras. Colin Farrell, que aparece tão pouco no filme que só precisou de três dias para filmar sua participação, Judi Dench é uma figura de autoridade que quase não faz nada na trama e Josh Gad provavelmente faz o único personagem que é realmente possível se importar e que melhor atua com o material que lhe é dado.

O roteiro e edição desse filme estão tão retalhados que tornam a trama confusa e desinteressante. Fica muito óbvio que a produção desse longa deve ter sido um completo caos, pois fica evidente que esse filme está incompleto em sua pós produção e o roteiro nem ao menos deve ter sido revisado, pois possuem falhas obvias de lógica de narrativa e de coerência interna. Personagens secundários que aparecem durante o filme todo acabam não fazendo nada e não são apresentados, conflitos que não fazem sentido e um clímax totalmente sem graça.

Um elemento interessante é a mistura de magia com ciência no visual e em alguns conceitos de construção do mundo. O problema é que nunca aprofundamos de verdade nesse mundo mágico secreto e saímos do filme sem entender como ele funciona.

O resultado final é uma superprodução que não foi para o cinema com um diretor de peso que claramente não conseguiu fazer seu trabalho (não sabemos se por culpa dele ou da produção) e uma história que não possuiu nenhuma coerência interna. Acho extremamente difícil que alguém consiga se conectar emocionalmente com essa história.

Ironicamente eu fiquei curioso para conferir os livros. Sou um grande fã de Percy Jackson e sei o quanto os filmes dilaceraram os livros. Talvez seja exatamente esse o caso aqui. Não sei se a Disney jogou esse filme em seu serviço de streaming por saber que o produto final era ruim ou por causa do coronavírus. O que sei é que esse é um filme que tenta ser Harry Potter e falha miseravelmente, mas talvez exista uma saga de livros por aí que merece ser conferida mesmo que a adaptação para o cinema seja ruim.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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