Quando os filmes de super heróis estouraram e viraram a sensação que são hoje muitas comparações com filmes sobre velho oeste começaram. Durante os anos 50 e 60 esse gênero de cinema explodiu e virou uma febre que transpassou o cinema americano e acabou adentrando na cultura do cinema mundial. Mesmo nunca tendo visto esse tipo de filme, você certamente já viu diversas referências em outras obras. De tempos em tempos a indústria do cinema tem um gênero dominante que marca uma década. Talvez o primeiro grande gênero tenha sido o musical que por sua vez foi sucedido pelo bom e velho oeste. Existe uma série sem fim de obras com este estilo, então como começar a adentrar neste mundo tão vasto? É pra isso que serve esse texto!

Butch Cassidy and the Sundance Kid é um filme de 1969 onde acompanhamos a jornada de dois ladrões que tentam começar uma vida nova e escapar do seu legado de crimes. Clichê, não é? Certamente ele não é o melhor do seu estilo, mas acredito que é um ótimo começo para quem tem algum interesse nesse mundo do Velho Oeste. Um filme que possui uma beleza simples e impactante, que é por vezes leve e intenso ao mesmo tempo. Tal delicadeza fruto tanto do roteiro quanto da direção. Mas o gênero western pode ser muito difícil de se apreciar por um motivo muito simples: Eles costumam ser muito lentos.

Estes filmes possuem um ritmo absurdamente lento. Mas isso não é gratuito nessas obras que recontam o final do século XIX, onde a expansão do oeste americano era um local estéreo, desértico e pouco povoado. Podemos imaginar que a vida neste momento e local, em especifico, era de fato muito mais bucólica do que estamos acostumados. Talvez isso não fosse um empecilho tão grande se a espera fosse recompensada com um grande desfecho ou algo do tipo, mas também não espere por isso. Os conflitos nos filmes de velho oeste se resolvem de forma bastante rápida, que pode desapontar muitos espectadores. Então por que estou fazendo um texto para convencer você a começar a ver filmes de western?

É preciso aprender a entrar no clima deste tipo de longa. O velho oeste é muito mais sobre preparação, tensão e construção de conflito do que o desfecho da ação em si. É de se imaginar que uma briga de revólveres se resolva rápido, então o filme passa a maior parte do tempo levantando a sua tensão. O momento pré disparo é muito mais importante do que o tiro em si, não é a toa que a contagem dos passos para trás e a destreza e velocidade do “sacar” das armas se tornaram verdadeiros ícones nessas histórias.

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O Cinema é um estilo de arte e por vezes para se apreciar uma obra artística é preciso entender a proposta do mesmo. Quando se entra neste clima e entende o porquê de toda essa preparação, os filmes ganham uma imensa dimensão artística.

E onde The Butch Cassidy and Sundance Kid entra nisso? O filme logo de cara te colocará no clima do que é este tipo de temática, com um ritmo lento e o tipo de ação que ele impõe é bem ao estilo velho oeste. Mas não é tão clássico como outros no sentido de um filme de western puro, ele flerta com alguns outros estilos como o romance e uma leve comédia. Justamente por brincar com essas outras emoções o filme parece menos parado do outros do gênero, além de ter cenas de ação recomendatórias.

Outra coisa interessante é ver uma espécie de triângulo amorosos aberto entre os três principais personagens, o que era extremante incomum além de um tabu para o fim dos anos 60. Paul Newman e Robert Redford estão ótimos em seus papeis, assim como Katherine Ross que, apesar de ter uma espaço menor, demostra grande habilidade em sua atuação. George Roy Hill tem uma direção bem clássica para filmes velho oeste, mas ele ousa em alguns aspectos, principalmente na música marcante. Hill, além de brincar com os filtros de câmera em alguns momentos, consegue imprimir um dinamismo para momentos onde tem pouca coisa acontecendo em tela, e no fim da obra você pensa “que bacana viver esses pequenos momentos”.

The Butch Cassidy and Sundance Kid ganhou quatro Oscars em seu ano, acredito que muito pelo seu final impactante que era bastante incomum para o momento em que foi feito.  

Caso você embarque nos grandes filmes de western certamente não achará The Butch Cassidy and Sundance Kid o melhor do seu estilo, mas como filme (no sentido pleno da mídia) ele é fantástico utilizando e executando muito bem diversos elementos de velho oeste. O longa-metragem é levemente baseado em fatos reais, pois estes dois criminosos existiram e aterrorizaram as ferrovias de trem com suas explosões. Um filme que precisa ser assistido de qualquer forma, como a maioria dos filmes desta coluna, pois não é apenas um clássico de seu gênero, ele é um clássico do cinema.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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