A Netflix já percebeu que suas produções brasileiras fazem grande sucesso entre o público, não só daqui como de vários outros países. O ponto de partida foi a distopia 3% e, desde então, a gigante do streaming vem apostando cada vez mais nas séries nacionais. O destaque do momento é Cidade Invisível, que chama a atenção por apresentar ao mundo os mitos do folclore brasileiro.

A trama nos apresenta ao policial ambiental Eric Alves (Marcos Pigossi), que perdeu a esposa em um misterioso incêndio florestal. Enquanto investiga a morte da própria mulher, o detetive atende uma ocorrência sobre um boto cor-de-rosa encontrado morto na praia. A partir daí, a investigação conduz o cético detetive por um mundo obscuro povoado por criaturas sobrenaturais que estão lutando para sobreviver.

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Quem comanda a série é o diretor Carlos Saldanha, porém o roteiro fica por conta de duas figuras bem conhecidas aqui do Leituraverso: o casal de escritores Carolina Munhóz e Raphael Draccon. A história e seus personagens vinham sendo desenvolvidos por eles desde 2014 e a Netflix não perdeu tempo em adquirir os direitos de adaptação. Essa é a segunda parceria entre a dupla de autores e a Netflix Brasil, sendo que a primeira originou a produção O Escolhido.

Cidade Invisível resulta em uma combinação equilibrada de suspense policial com elementos sobrenaturais inspirados em figuras que habitam o folclore brasileiro e que conhecemos desde a infância. De maneira rápida e direta, somos apresentados à origem de algumas das principais lendas como a Cuca, o Saci, o Curupira, a Iara entre outros seres fantásticos. Ao mesmo tempo, percebemos como eles se desenvolveram ao longo dos anos e se adaptaram ao mundo moderno.

O elenco escolhido para dar vida a esses papeis ajuda muito na identificação com cada personagem. Alessandra Negrini consegue dar um tom sombrio à Inês/Cuca da mesma forma que nos deixa em dúvida se a bruxa é uma vilã ou não. Outros que se destacam são Wesley Guimarães como Isac/Saci, Fábio Lago como Iberê e Jéssica Córes como Camila/Iara.

Um dos desafios seriam os efeitos visuais necessários para representar as entidades folclóricas de maneira convincente e, nesse quesito, a produção não decepciona. Verdade seja dita, não é a todo momento que as cenas exigem efeitos visuais grandiosos, mas quando isso acontece o que vemos é algo muito bem feito.

Se é possível apontar algum “defeito” na série, seria por ela ser muito curta. Com apenas sete episódios que variam entre 30 a 40 minutos, o roteiro cumpre o seu papel de nos apresentar aos principais personagens e ao submundo fantástico brasileiro. Mesmo assim fica aquele gostinho de que poderia ter ido além. Felizmente, com a boa recepção do programa até mesmo no exterior, uma segunda temporada é praticamente certa.

Cidade Invisível serve para nos mostrar que a mitologia brasileira não deixa a desejar em relação à cultura de outros países. Isso é motivo para nos orgulharmos e prestigiarmos cada vez mais as produções nacionais que valorizam o nosso patrimônio cultural e o apresentam ao restante do mundo com histórias cativantes, criativas e originais.

Assista ao trailer da primeira temporada:

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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