Em alguns filmes, a trilha sonora pode ou não fazer diferença no resultado final, mas em outros ela ganha tanta importância quanto os personagens principais. Este é o caso de Ruas de Fogo que respira música em sua essência, principalmente rock’n roll, enquanto conta uma história empolgante de aventura.

Durante um show, a cantora de rock Ellen Aim (Diane Lane) é sequestrada pela gangue de motoqueiros “Os Bombardeiros”, liderados por Raven Shaddock (Willem Dafoe). Quando o ex-namorado de Ellen, o bad boy Tom Cody (Michael Paré), retorna à cidade e descobre o que aconteceu, ele parte em seu resgate. Para enfrentar essa violenta guerra de gangues rivais, ele vai contar com a ajuda de Billy Fish (Rick Moranis), o atual empresário de Ellen e McCoy (Amy Madigan), uma ex-soldada.

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Ruas de Fogo tem uma trama objetiva que é executada em um ritmo frenético que empolga desde o começo. Abrindo de forma antológica com o hit “Nowhere Fast”, do grupo Fire Inc., o espectador percebe logo de cara que não há tempo a perder. Mesmo quando se encerra a apresentação da vocalista Ellen Aim, é como se a canção continuasse ecoando na vibrante sequência em que se dá o sequestro dela. É como se nesses primeiros minutos o roteiro fizesse questão de afirmar que há uma perfeita harmonia entre a história e a trilha sonora que ficou aos cuidados de Ry Cooder.

Isso não é surpresa para um filme cujo título veio de uma música que ficou conhecida na voz de Bruce Springsteen. Outro nome do rock que também participa de Ruas de Fogo, só que de forma mais direta, é o pessoal da banda The Blasters que toca “One Bad Stud” e “Blue Shadows” durante uma sequência de invasão liderada por Tom Cody em um covil de motoqueiros de gangue. Aliás, engana-se quem pensa que só há espaço para o rock’n roll no filme já que o grupo de soul music The Sorels também participa de vários momentos como na performance em que “cantam” I Can Dream About You de Dan Hartman.

A banda The Blasters (a direita) e o grupo The Sorels (a esquerda)

Quem também brilha nesse quesito é a atriz Diane Lane e a cantora Laurie Sargent. Enquanto a primeira dubla e coloca em suas performances uma forma de traduzir fisicamente tudo o que a letra está transmitindo no momento a segunda com sua voz dá vida às músicas que marcaram o filme. É exatamente o que acontece quando “Never Be You” e “Sorcerer” tocam e são apresentadas em momentos pontuais da história. Nesse sentido, fica o destaque para “Tonight Is What It Means to Be Young“, uma música com um tom grandioso e épico que é o exemplo do que há de melhor em Ruas de Fogo.

Apesar de todos esses detalhes musicais não podemos esquecer de toda a jornada que cria o confronto entre Tom Cody e Raven Shaddock. Desde o primeiro encontro até o último, odiamos o personagem interpretado por Willem Dafoe. Seja por conta de sua caracterização que, de certo modo, faz com que ele pareça uma espécie de “vampiro das ruas” até as suas atitudes sempre voltadas para causar desordem, fica bem definido pelo roteiro sua personalidade de vilão da trama. Do outro lado, o personagem de Michael Paré faz o básico que se espera de um filme de ação e de um anti-herói dos anos 80 mas sem muito carisma.

Enfim, se ainda resta mais alguma coisa a ser dita sobre Ruas de Fogo é que o filme deve ser assistido da mesma forma como se aprecia uma música favorita de sua lista especial. Uma que começa com tudo, tem em um ritmo empolgante, não demora muito para chegar no refrão e ainda fica gravada na nossa memória como se pudéssemos repetir cada letra sem errar mesmo durante uma cena de ação.

Ficha técnica:

  • Data de lançamento: 14 de setembro de 1984 (Brasil)
  • Duração: 1h33min
  • Gênero: ação, aventura
  • Direção: Walter Hill
  • Roteiro: Walter Hill e Larry Gross
  • Elenco: Michael Paré (Tom Cody), Diane Lane (Ellen Aim), Willem Dafoe (Raven Shaddock), Rick Moranis (Billy Fish), Amy Madigan (McCoy), entre outros.

Assista ao trailer:

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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