Dirigido e roteirizado por Alan Minas, A Família Dionti conta a história de uma família composta de um pai e seus dois filhos. Logo após a mãe deixar a família (a princípio não sabemos o porquê) o irmão mais novo se apaixona pela nova aluna do colégio. O problema é que ela mora com o circo e logo estará fora da pequena cidade onde se passa esta história. O filme se propõe a mostrar o cotidiano dessa família e mostrar como eles se sentem com a vida que levam.

A principal questão de A Família Dionti é como demonstrar tais sentimentos.  O longa tem uma narrativa bastante lúdica, quase como se fosse uma espécie de poema em tela, e faz diversas metáforas para falar de coisas imateriais. Um exemplo é o irmão mais velho que está “secando” por dentro devido à tristeza e toda vez que acorda existe uma boa camada de pó em sua cama. Isso é o alto da película que até tem alguns bons momentos, mas vamos aos problemas.

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A maior falha do longa são os diálogos. É claro que Alan tentou colocar reflexões profundas na boca de personagens simples, o que poderia ter ficado muito bom, mas não foi bem executado. As falas soam muito forçadas e excessivamente poéticas em momentos onde isto não faz muito sentido. Obvio que essa é um pouco da proposta, mas, ao longo do filme, esta ideia se mostra e depois some. Temos momentos totalmente surrealistas, mas, em outros, esse estilo se esconde por completo, fazendo A Família Dionti não ter uma identidade muito clara. Os atores não ajudam muito, pois precisam entregar falas mal escritas e fica claro que eles só estão repetindo um texto. Falando em atores, Murilo Quirino é o protagonista e desempenha bem o papel, claramente o melhor ator do filme.

A direção é competente. Cenas lindas, com locações simples, porém de beleza estonteante. A trilha sonora compõe de forma muito boa gerando cenas, sem falas, muito boas. O filme também conta com alguns efeitos especiais muito bons que compõem bem o seu tom levemente fantástico. Apesar de A Família Dionti pecar muito no ritmo e em seus diálogos, deixando claros problemas de roteiro, a proposta é interessante. Poesia no cinema não é algo muito comum e é bom saber que temos filmes nacionais tentando algo assim. A produção nos faz ver o mundo por um olhar infantil, estilo que gera situações interessantes e mostra uma visão curiosa sobre o mundo adulto. É uma poesia de fato, só não é uma das melhores.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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