Com o fim de Wandavision na Disney + muito se ouviu sobre o sucesso da primeira série original da Marvel no MCU (cuja a nossa análise você pode conferir aqui). A série levantou teorias pela internet e muito foi elogiada por sua qualidade de produção, que foi tida como a melhor série da Marvel. E quando chegamos nesse ponto do debate “a melhor série da Marvel” observo que muitos nem colocam Legion na disputa, aliás, poucos sabem até de sua existência. Enfileiram listas com Agents of Shield’s, Demolidor e Os Defensores… até Inumanos é lembrada, mas Legion fica de fora. É incrível como uma série de alta qualidade sobre o filho mutante de Charles Xavier (Dr. X dos X-Men), feita pela então parceria da FX com a Marvel Television, sob a autoria do excelente Noah Hawley passou batida até pelos grandes canais do mundo pop.

Legion conta a história de David Haller (Dan Stevens), um mutante com poderes quase ilimitados que possui esquizofrenia e transtorno de personalidade. Teve 3 temporadas, contabilizando 27 episódios (que estão todos disponíveis na Netflix). A série acompanha a jornada tortuosa e conflitante de David em não só descobrir quem ele realmente é, como também descobrir seus poderes de fato e encontrar sua sanidade. Tudo isso numa narrativa exuberante, edição e montagem perfeita que não só é linda de ver na tela como também compõe a própria história, e sem precisar usar nenhuma vez o termo “X-Men” dentro da série. Legion guia-nos de DENTRO da loucura de David, sua percepção afetada de mundo e confusões mentais.

As 3 temporadas são excelentes. Em cada uma delas há um elemento narrativo novo que faz com que elas sejam diferentes entre si. Porém o que de fato é igual é a qualidade! Noah Hawley foi brilhante em não só montar uma narrativa engendrada em que cada palavra é importante para você entender a realidade da série, e isso é essencial para o tipo de história que ele contou em Legion, pois Hawley não fez questão de explicar detalhes para quem não estava acompanhando o ritmo da série. Aliás, os voice-overs da segunda temporada eram mais para provocar mais perguntas do que respostas em si. Se fosse para escolher uma temporada preferida escolheria justamente a segunda, pois tem mais episódios (11 contra 8 nas outras) o que ajuda a aprofundar mais os personagens e com isso também o elenco consegue brilhar intensamente. Há de se fazer nota que Aubrey Plaza (Lenny) está excelente em todas as temporadas, mas não se pode deixar Navid Negahban (Farouk) e Jemaine Clement (Oliver) sem serem citados aqui, dando vidas à personagens extremamente carismáticos e sedutores.

Se de fato as séries de heróis de hoje em dia é muita ação, pancadaria e “piu, piu ,piiu”, em Legion temos uma trama mental e seus mistérios. E isso é muito legal e em suas “season finales” Hawley traz soluções interessantíssimas para como ter o clímax de temporada interpretado em uma batalha mental, e até, talvez, o que nem chegue a ser uma batalha como no último episódio de toda série, mas chega a ser tão emocionante como uma de verdade. E para isso temos versões e interpretações maravilhosas de duas músicas muito conhecidas que se encaixam muito bem no contexto da série: “Behind Blue Eyes” do “The Who” no final da segunda temporada e “Mother” do “Pink Floyd” no final da terceira. E incrivelmente até as bandas combinam com a série. Na primeira temporada tivemos “Feeling Good” da “Nina Simone” num momento de brilho total da Aubrey Plaza.

Se pudéssemos definir Legion em uma palavra ela seria “viagem”. Uma viagem visual beirando quase à psicodelia, mas bem fundamentada. Uma viagem que foi desde de dentro da mente e das lembranças de David na primeira temporada; uma viagem contra o tempo na segunda temporada; uma viagem no tempo na terceira temporada. E nós somos os passageiros em todas elas! Se ainda não assistiu, corre lá e veja uma das melhores séries já feitas dentro do universo de super-heróis. Legion e Noah Hawley merecem essa oportunidade. Viaje com eles! 

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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