Tijolômetro – Meninas Malvadas (2024):

Muito bom

A nova onda de remakes se juntou com outra mania que divide opiniões entre os fãs da Sétima Arte: os musicais. Essa combinação dobra os questionamentos sobre a relevância de uma obra nesse formato, tanto por sua necessidade quanto pela narrativa em forma de canções potencialmente de gosto duvidoso. Mesmo assim, em 2024 a Paramount resolveu se arriscar e mexer com um filme que já se tornou um clássico da cultura pop: Meninas Malvadas, de 2004. Felizmente, nesse caso, a aposta do estúdio se mostrou certeira. 

Além de recontar o filme de 20 anos atrás, a nova produção também adapta o musical homônimo da Broadway, ambos escritos por Tina Fey. Assim, somos (re)apresentados a Cady Heron (Angourie Rice, de Homem-Aranha: Longe de Casa), uma menina que se muda do Quênia para os Estados Unidos e se matricula na North Shore High School. Imediatamente, ela se depara com a realidade assustadora do Ensino Médio e, na tentativa de se enturmar, se aproxima de Regina George (Renée Rapp), a líder do grupinho das garotas populares. De início, as coisas vão bem, porém tudo foge do controle quando Cady se apaixona por quem não devia. 

Assim que o projeto foi anunciado, muita gente questionou “será que precisamos de um novo Meninas Malvadas?”.  Essa dúvida é compreensível, já que o longa original retrata uma fase bem marcante para quem viveu a adolescência no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 e por isso estaria “desatualizado” para a geração atual. Contudo, as questões centrais do roteiro de Tina Fey se encaixam perfeitamente nos dias de hoje quando feitas as adaptações necessárias, levando em conta a influência das redes sociais, a forma dos jovens se expressarem e se posicionarem e até mesmo a questão da sexualidade. E mesmo que a história se mantenha essencialmente a mesma de duas décadas atrás, todos esses detalhes são levados em consideração para que o público atual se sinta envolvido. 

Já o diferencial das músicas funciona como um elemento narrativo que contribui para o desenvolvimento da trama. Cada canção tem algo a acrescentar para que os acontecimentos se desenrolem, incluindo informações relevantes para a compreensão do público. O melhor de tudo é que não fica algo cansativo, pois há um intervalo razoável entre uma música e outra, com diálogos e cenas normais entre elas que são igualmente importantes. 

Além das canções, outro ingrediente que torna o filme cativante são os diversos personagens carismáticos. Dentre tantos, as que mais chamam atenção são Regina George e Janis (Auli’i Cravalho), tanto pela atuação quanto por protagonizarem os melhores números musicais da obra. Nesse quesito, vale destacar o trabalho das atrizes e cantoras Renée Rapp e Auli’i Cravalho (WiFi Ralph), que surpreendem com seu talento vocal e interpretação. 

Voltando à questão da relevância, o longa ainda se mostra atual ao abordar questões como a rivalidade feminina e o bullying nas escolas, que ganham novas formas e um impacto maior graças à internet. Nos momentos finais, há até uma explicação um tanto didática e desnecessária sobre isso, já que é um fato que fica evidente em outros momentos da narrativa, contudo isso não tira o peso da mensagem principal sobre respeito e amor-próprio. 

O filme musical de Meninas Malvadas pode até ter gerado certa desconfiança quando foi anunciado, mas surpreende pela qualidade ao recontar uma história já conhecida e também por conseguir se atualizar e falar diretamente com o público 20 anos depois sem perder suas raízes. Isso dá novo fôlego para a onda de remakes e serve como lembrete de que algumas coisas nunca saem de moda.

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Confira a trilha sonora oficial de Meninas Malvadas (2024)

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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