Carros sempre foram um elemento que chamou muita atenção no cinema. Perseguição em filmes de ação, elementos marcantes e até alguns veículos que marcaram a história do cinema. Nos últimos anos a franquia Velozes e Furiosos vem chamando atenção por usar os carros como elemento temático e narrativo para gerar filmes de ação. Na tentativa de continuar explorando o carro como temática de um filme de ação, temos o lançamento de “No Limite” que trabalha conceitos extremamente parecidos com a famosa franquia de estrelada por Vin Diesel, mas de uma forma diferente.

Dois irmãos são especialistas em roubar carros antigos e luxuosos, mas em um de seus trabalhos eles acabam roubando de um gângster muito perigoso. Para reparar o seu erro eles aceitam roubar um carro de outro gângster da região. Assim se inicia um plano de assalto elaborado para se livrarem da mira dos bandidos locais.

A proposta do filme é bem clara. Ser uma história de assalto sensual, fazendo um paralelo claro entre os personagens e os carros sexys que estão sendo roubados. Não é a toa que todos os personagens principais são escolhidos a dedo pela sua beleza. Os dois protagonistas são um exemplo claro disso, onde temos Scott Eastwood (filho do icônico Clint Eastwood) e Freddie Thorp. As mulheres também possuem a típica beleza de modelos que esperamos ver nesse tipo de filme, com as atrizes Ana de Armas que esteve no recente Blade Runner 2049 e Punhos de Aço. Compondo a beleza junto de Gaia Weiss. No Limite é a típica história cheia de gente loira de olhos azuis, com muitas festas, música eletrônica em locações paradisíacas.

A proposta de fazer um Velozes e Furiosos de luxo é tão evidente que a dupla de roteiristas, Derek Haas e Michael Brandt até já trabalharam juntos no roteiro de + Velozes e + Furiosos. Os dois também são responsáveis pelo roteiro de O Procurado.  A direção fica por conta de Antonio Negret que já dirigiu episódios do seriado de Maquina Mortífera e diversas temporadas de Arrow. Aqui ele faz um ótimo trabalho, principalmente nas transições de cenas fazendo match cut, além de dar ótimo ritmo as cenas de ação. O problema é que este roteiro se foca muito mais em ser um filme de assalto do que ser um filme de ação. Algo que não seria um problema se ele não fosse tão apegado aos clichês clássicos nesse tipo de filme. Aqui você ouvirá coisas como “Esse vai ser nosso último trabalho”, “Não se envolva com ela durante o trabalho” e desenvolvimentos de personagens com dramas pessoais super batidos. Entretanto, é preciso ser justo e dizer que a dupla de roteiristas faz algumas boas reviravoltas em seu terceiro ato, apesar de ter um segundo que dá voltas em excesso. Quando temos alguma ação ela se sai muito bem e, acima de tudo, é inventiva, algo essencial nesse gênero que possui tanto mais do mesmo. Os planos de assalto são bons e as situações criadas prendem a atenção e o fôlego.

Os personagens em si não são muito cativantes. Os dois protagonistas até possuem certa química, mas nada que não tenhamos visto em outras duplas nos filmes de ação dos últimos anos. Talvez o grande problema do roteiro nesse sentido seja a construção da equipe de assalto, algo importante nesse subgênero, que fica completamente de lado na trama. Os personagens que compõem o grupo ficam muito apagados diante dos dois protagonistas, onde o filme centraliza toda a sua atenção. Ao fim da exibição você terá até certa dificuldade de se lembrar de quem eram os outros personagens que participam da trama, talvez somente os vilões que são relativamente interessantes.

O filme promete ser o ponta pé de uma nova franquia que de fato tem potencial para criar histórias interessantes, mas, por enquanto, ela se mantém como uma espécie de versão charmosa da franquia concorrente. Com roteiros um pouco mais ousados e criativos é possível ver uma nova dupla de assaltantes carismáticos tomar espaço no cinema, mas para tal será necessário abandonar os clichês excessivos.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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