O grupo dos Jovens Titãs teve uma relevância importante nos quadrinhos quando foi escritor por Marv Wolfman e George Pérez. O objetivo inicial era rivalizar com a Marvel que tinha uma equipe de jovens super poderosos: Os Fabulosos X-Men. A revista foi um enorme sucesso e permitiu a DC explorar personagens secundários e abordar temas realistas da realidade dos jovens (insira meme do Choque de Cultura aqui) que até então não existiam com frequência na DC. Os personagens voltaram a ter relevância em 2003 com a série animada que foi até 2006 e fez com que os Titãs marcassem uma nova geração que tinham essa versão como a “oficial”. Em 2013 uma nova animação surge, mas dessa vez com uma vertente que acompanha a pegada atual dos desenhos infantis: psicodelia sem limites. Apesar de fazer muito sucesso com jovens dos 5 aos 13 anos ele foi muito criticado por se render completamente ao besteirol. Agora essa versão ganha um longa animado que promete tirar sarro de todo o universo de super heróis que vivemos.

Ao perceber que todos os super heróis sérios possuem filmes Robin decide que precisa ter sua história levada às telas a todo custo. O problema é que ele, e os demais titãs, não são levados a sério pelos estúdios e pelos outros heróis uniformizados. Quando o vilão Slade aparece eles percebem que talvez seja a grande chance deles fazerem um ato heroico para serem respeitados a ponto de ganharam um longa.

O que mais gostei nessa animação foi o quanto ela é autoconsciente. Os roteiristas Michael Jelenic e Aaron Horvath sabem que o atual desenho dos Titãs recebe muitas criticas e é extremamente comparado com a antiga versão, e é justamente isso que vira o grande alvo de piada da história. O filme inteiro basicamente tira sarro de qualquer um que leve os super heróis de forma demasiadamente séria, o que é hilário levando em conta que os longas live-action da DC ficaram marcados pelo tom sombrio.  Ao mesmo tempo o filme brinca com toda essa ideia de adaptação de quadrinhos que ocorre de forma desenfreada, quase como uma corrida armamentista de estúdios. Quem diria que o longa animado da série bobalhona conseguiria sintetizar, de forma divertida, toda uma década da produção de super heróis?

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O estilo de humor lembra os dois longas de Deadpool, no sentido de que são altamente referências, e possuem um ritmo frenético recheado de metalinguística. Obviamente que aqui as piadas são bem familiares, mas não deixam de ser menos espertas ou inventivas. É claro que em dados momentos tudo acaba caindo no besteirol típico que vemos na série animada atual e por vezes o roteiro se perde na tentativa de fazer o máximo de piadas possíveis. Parece aquele sujeito que bebeu energético demais e não para de falar nem por um segundo. O filme ao mesmo tempo é um musical, mas exagera a ponto de termos duas musicas seguidas, algo que não acontece nem em filmes declaradamente musicais, algo que faz a trama ficar meio enfadonha em dados momentos.

Para quem gosta do universo DC de modo geral o filme será um deleite visual. Para quem está antenado nos últimos filmes de super herói também terá varias piadas exclusivas para seu divertimento. As crianças que amam o desenho atual ficarão absolutamente loucas no cinema. Consegue, de forma bem sucedida, ser aquele filme infantil que também agrada os adultos, desde que eles estejam dispostos a aceitar o ritmo maluco e incessante. O filme tem uma cena pós créditos bem impactante e de modo geral consegue ser uma síntese inteligente e engraçada do momento em que os super heróis vivem hoje. Ironicamente este filme dos Titãs entende mais do universo DC do que os recentes filmes dos personagens da Liga da Justiça.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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