A nova série baseada no universo mutante dos X-Men, The Gifted, ganhou seu primeiro episódio ontem (3) no canal FX, pertencente ao grupo FOX. O seriado contará a história da família Strucker, que terá sua vida afetada pela descoberta da “mutandade” de seus dois filhos. O piloto da série foi dirigido por Bryan Singer, o diretor icônico dos primeiros e também dos últimos filmes dos X-Men nas telonas. The Gifted é escrita por Matt Nix, que também já foi o responsável da conhecida série Burn Notice. Singer também a produz ao lado de, Lauren Shuler DonnerSimon Kinberg, ambos também trabalharam na produção dos filmes do mutantes. Com uma estética mais dark de ambientes escuros, aliados com a paleta pastel e poeril durante as cenas mais claras, Nix já deixa claro neste piloto que a série pretende seguir uma linha lógica, temporal e estética dos filmes; ou o máximo possível disso, já que a cronologia dos X-Men nos cinemas é uma bagunça que só.

Há um claro esforço da FOX, detentora dos direitos de X-Men, em aproveitar ao máximo a franquia dos mutantes. E esse movimento veio numa espécie de efeito reboque do sucesso dos seriados da Marvel na Netflix, que mostrou que também é possível fazer lucro com algo relevante de tais franquias dos quadrinhos fora das telonas. The Gifted é a segunda série oriunda disto, nesse mesmo ano tivemos também a estreia da excelente Legion, pela mesma FX, seriado que também é situado em algum momento dentro da cronologia dos filmes, contando a história do filho do Professor Xavier. Porém as semelhanças entre as séries param por aqui, já que The Gifted tem um roteiro mais simples, mas com um ritmo bem mais frenético que Legion, claramente apostando em um outro tipo de público.

Para começarmos a falar do episódio piloto em si, podemos justamente abordar o seu ritmo. Acelerado para dar a emoção e ação no tom certo, uma linguagem muito próxima a dos filmes, assim como era a intenção da direção de Singer nesse episódio, com direito até a aparição de Stan Lee. É uma narrativa dinâmica que acaba nos prendendo ao longo de todo o piloto, tudo bem amarradinho dentro do roteiro. Rapidamente conseguimos nos situar naquele mundo onde as leis anti-mutantes são rigorosas e que também já não existem os famosos grupos de resistência mutante, como X-Men ou a Irmandade que, pelo visto, desapareceram sem deixar rastros. Porém esta mesma dinâmica peca por não nos apresentar os personagens com um pouco mais de profundidade. Os mutantes do novo grupo de resistência liderados por Thunderbird (John) e Polaris (Lorna) acabam deixando um pouco a desejar nesse quesito, parecendo estereótipos dos mesmos mutantes de sempre dos filmes, porém nos próximos episódios a série pode corrigir isso. Mas o ponto positivo está no núcleo principal, a família Strucker.

No início cheguei a pensar que era a família do grande algoz de Logan, Striker, mas fui enganado pela semelhança dos nomes. Os quatro integrantes da família mostram-se muito bem durante o episódio, tanto na trama quanto nas interpretações. Foi interessante percebermos já no episódio piloto toda a questão que o gene X gera neste universo, pois a mesma família que se mostrava preconceituosa com a questão, acaba sofrendo na pele a mesma perseguição que outrora reforçava. E isso fica muito interessante no caso de Reed (Stephen Moyer) o pai da família, que trabalhava na promotoria em um gabinete especial contra os mutantes. Os dois filhos, Lauren (Natalie Alyn Lind) e Andy (Percy Hynes-White) interagem muito bem entre si, e, mesmo com um trabalho levemente complicado em mãos (pois eles estavam encarregados em ganhar a confiança do espectador), entregam papéis críveis e competentes. O ponto ainda cinza é a mãe Caitlin (Amy Acker), que não apresentou muitas nuances além de ser super-protetora. Mas ainda é cedo para julga-la negativamente.

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Agora falemos da questão dos mutantes em si. Como já foi citado acima, os X-Men e a Irmandade já não existem mais, o que desperta uma grande curiosidade para sabermos o que aconteceu, e, talvez, em que linha temporal acontece a trama da série (talvez depois dos eventos de Dias de Um Futuro Esquecido, após Logan e cia. terem evitado o armageddon dos mutantes). Seria muito interessante se a The Gifted abordasse essa questão ao longo dos episódios, porém sem se atrelar em demasia com algum filme ou um pretenso universo compartilhado dos X-Men dos filmes. No mundo atual o “Ato Patriótico” está vigente, onde há um próprio gabinete federal que caça implacavelmente os mutantes, o “Projeto Sentinela“, onde os agentes federais estão autorizados a atirar em qualquer mutante que represente uma ameaça, na concepção deles. Eles usam pequenos droides de formato semelhante a uma aranha para capturar os “mutunas”, o que achei uma boa alternativa para representar uma grande ameaça, sem ser tão dispendioso no orçamento quanto aqueles robôs gigantes de sempre. E nesse episódio já vimos o quanto este projeto e seus agentes são perigosos aos mutantes.

Sem os X-Men e a Irmandade, a família Strucker tem somente a opção de buscar abrigo no último grupo pró mutantes que parece existir nesse mundo da série, “A Resistência“, que inicialmente é formada por alguns mutantes menos conhecidos do grande público: a filha de MagnetoLorna Dane (Emma Dumont), conhecida como Polaris; Marcos (Sean Teale), conhecido como Eclipse; John (Blair Redford), o Thunderbird; e Blink (Jamie Chung), a mais conhecida de todas. Um grupo que mostrou-se carismático apesar do pouco tempo gasto em apresentá-los melhor como personagens importantes, mas é notório que o enfoque neste momento não era eles. É citado que esse grupo em Atlanta é apenas um braço da grande Resistência que existe em todo o país, criando assim uma lacuna aberta para que outros mutantes famosos e um pouco mais desse mundo possamos conhecer no futuro.

Veredito

Foi um primeiro episódio de sucesso, conseguindo abordar tudo isso em seus primeiros 50 minutos de série. Segurando e conectando o espectador na tela, além de despertar interesse para sabermos mais da trama. Inclusive deixou um cliffhanger de tirar o fôlego para o segundo episódio que já estou ansioso para vê-lo. Ainda não se sabe o número certo de capítulos teremos nessa primeira temporada, mas já sabemos de produções para o sexto episódio já. The Gifted se mostrou um bom suspiro no meio de tantas séries baseadas em quadrinhos que existem hoje em dia, e com um potencial para ser uma das melhores. Se você vai gostar ou não, apenas você mesmo pode responder. Mas é certo que pelo menos deva dar uma chance para The Gifted. Aguardemos os novos episódios.

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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