Ao longo dos séculos, Ciência e Religião eram duas coisas que não se misturavam por serem consideradas excludentes. Porém, já vimos casos – especialmente na ficção – onde uma área pode agir em favor da outra, corroborando ou até mesmo complementando alguns fatos. O Homem que Fotografou Deus, do escritor Maciel Brognoli, é um bom exemplo disso.

Desde a infância, José sempre se destacou por sua inteligência fora do comum, sendo um jovem ambicioso que ansiava em deixar a sua contribuição para a humanidade. Contudo, depois de se tornar pai de família, sua dedicação se volta para Ana, sua filhinha de 5 anos. Um dia, a menina lhe faz uma pergunta simples: “onde Deus mora?”. Decidido a dar uma resposta satisfatória para a filha e para si mesmo, José constrói uma nave espacial e parte em uma viagem pelo universo para encontrar a morada de Deus e tirar uma foto Dele para presentear a garotinha.

Apesar de o personagem central ser um cientista, a narrativa não foca em conceitos científicos e nem perde muito tempo falando sobre a construção da nave em si, chegando a torná-la bem simples. Por isso, o livro (de apenas 28 páginas) deve ser encarado como uma obra infanto-juvenil, por mais que sua mensagem central se estenda a todas as idades. O que importa realmente é a jornada de José em busca do seu objetivo, que é encontrar Deus; e a Ciência foi a ferramenta que possibilitou isso.

Enquanto ele realiza sua procura, vamos percebendo também o peso que o seu ego tem sobre essa decisão. A vaidade adolescente de deixar a sua marca ainda permanece ali, sem contar a vontade de parecer um herói aos olhos da filha e ser reconhecido como o homem que conseguiu provar a existência do Criador.

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A parte científica da conclusão não chega a surpreender, pois apresenta um conceito que muitos leitores que se interessam por Física já podem conhecer. Chega a ser inverossímil que o protagonista não tenha levado isso em consideração no começo da viagem, visto sua inteligência. Mas, como já foi dito antes, o rigor científico não é o principal. A descoberta no sentido religioso e os ensinamentos que José tira disso são o que realmente importa. Nesse momento, o autor demonstra muita sensibilidade com as palavras para tratar um assunto tão íntimo para cada pessoa que crê em algo maior. Assim como no livro A Cabana, o tema é tratado de forma muito respeitosa e bonita.

Então é correto afirmar que O Homem que Fotografou Deus é bem-sucedido ao reunir o melhor que Fé e Ciência têm a oferecer para chegarem a um objetivo em comum. Se essa mentalidade for levada em conta conforme a tecnologia ao nosso redor avança, talvez tenhamos o mesmo resultado no futuro.

Adicione este livro à sua biblioteca!

Leia a resenha de A Cabana

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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