Depois de ganhar comentários positivos em alguns festivais finalmente o filme de terror The Wretched chega ao público geral. Atualmente os filmes de terror parecem orbitar em dois estilos. Um é a pegada mais alternativa como A Bruxa, Hereditário e outros longas que trabalham fotografia, clima e não tem medo de serem mais lentos e densos. O outro estilo parece se basear muito em conceitos trabalhados em It e Stranger Things onde um grupo de jovens se une para enfrentar uma ameaça sobrenatural e altamente mortal. O curioso é que The Wretched parece ficar exatamente no meio desses dois estilos e talvez agrade os dois públicos.

Ben vai passar o verão na casa do seu pai depois do divorcio. O clima não está bom e ele precisa trabalhar na marina e se acostumar com essa nova realidade familiar. Tudo ganha contornos mais sombrios quando ele começa a achar que a vizinha da casa do lado pode estar fazendo algo perverso com os próprios filhos.

Acredito que esse é um filme com mais qualidades do que defeitos, mas antes vamos aos problemas. Os diálogos são rasos, algo que se torna frustrante já que a história é boa e os relacionamentos são interessantes, mas o roteiro nunca parece aprofundar. Os mesmos conceitos, mas com diálogos mais interessantes, poderiam deixar esse filme fantástico. O nosso protagonista pode ser considerado um tanto desinteressante, e de fato ele poderia se beneficiar com uma personalidade mais marcante, ou que simplesmente respondesse o mundo a sua volta de forma mais cativante. Parte do problema talvez more na atuação de John-Paul Howard que não é muito engajada.

Por outro lado a atuação de Piper Curda é mais chamativa e sua personagem também é mais interessante de se acompanhar. Às vezes até te faz pensar em como seria se ela fosse a protagonista. De qualquer forma o que temos é uma personagem secundaria divertida e que cumpre muito bem o seu papel dentro da trama.

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Mas agora vamos à parte boa. Os efeitos práticos são incríveis e realmente contribuem para o terror da história. O fator sobrenatural da trama nunca é muito explicado, ou explanado, e parte do clima se assemelha muito ao que vem se feito em outras obras do gênero. Mas não temos um filme muito lento ou com ares excessivamente pretensiosos. A história é direto ao ponto e não tenta criar simbolismos muito complexos. O que não significa que ele tente o máximo possível, criar um clima tenso e denso. Não é um dos filmes mais pesados dos últimos tempos, mas é eficiente. Alguns fãs mais assíduos de terror podem acha-lo até leve, mas acredito que é assustador o suficiente para o grande público.

Até a transição do segundo ato temos um terror divertido, bem feito e que diverte, mas com a chegada do clímax ai a história verdadeiramente brilha. Se o filme fosse empolgante por igual teríamos uma história memorável. Para aqueles que gostam de terror essa pode ser uma pedida muito divertida. The Wretched lembra outros filmes como A Hora do Espanto e Verão de 84. Se você gostou de um desses dois filmes provavelmente vai gostar deste.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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