Em 2019, duas adaptações de quadrinhos trarão personagens que de certo modo se relacionam com figuras mitológicas. Este fato por si só abre uma oportunidade para revisitarmos algumas das releituras que as HQs já fizeram de diferentes personagens mitológicos. Por isso, não estranhe se durante este artigo você encontrar nomes de deuses e criaturas dos mais variados tipos e formas. Tudo por causa de um ano em que teremos o primeiro filme solo sobre um garoto com poderes de diversas divindades e outro no qual uma mutante poderosa “renasce das cinzas”.

Com estreia marcada para o início de abril, Shazam dará continuidade a nova fase da DC nos cinemas que curiosamente teve início com dois personagens que também se relacionam com a mitologia grega: Mulher-Maravilha e Aquaman. Ao que tudo indica, este será mais um grande sucesso de público justamente pelo aposta em algo menos sombrio e realista. Sobre o filme estrelado por Zachary Levi, vale lembrar que esta é a primeira adaptação para o cinema do herói que durante muitos anos fora conhecido como Capitão Marvel. De acordo com o que já foi divulgado, sua origem será fiel ao original. Toda vez que o garoto Billy Batson grita “Shazam” ele sofre uma notável transformação: torna-se um adulto com os poderes de Salomão (sabedoria); de Hércules (força); de Atlas (vigor); de Zeus (poder); de Aquiles (coragem); e de Mercúrio (velocidade). Em outras palavras, um combo mitológico.

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Entre esses nomes citados, está o de Mercúrio. Uma definição sobre ele pode ser encontrada em O Livro de Ouro da Mitologia, de Thomas Bulfinch. O autor explica que este era o nome dado ao “deus do comércio, da luta e de outros exercícios ginásticos e até mesmo da ladroeira; em suma, de tudo quanto requeresse destreza e habilidade. Era o mensageiro de Júpiter e trazia asas no chapéu e nas sandálias”. Provavelmente por causa de descrições como essa é que se convencionou na cultura pop ver esta figura mitológica como apenas um “deus da velocidade”. Outro detalhe é como essas asas no chapéu também lembram uma parte do uniforme do Flash, o que em um episódio de Liga da Justiça Sem Limites causou uma pequena e rápida confusão da Mulher-Maravilha que conhece ambos. Mercúrio também é o nome (em português, no orginal é Quicksilver) do mutante velocista que já integrou a Irmandade de Mutantes e os Vingadores.

X-Men: Fênix Negra chega aos cinemas em junho. De acordo com que já foi divulgado, o filme adaptará parcialmente as HQs de Chris Claremont e tentará na medida do possível ser mais fiel a este material. Obviamente, há uma desconfiança já que a primeira tentativa em X-Men: O Confronto Final foi totalmente desastrosa sendo também um dos piores filmes da franquia mutante. Deixando esses detalhes de lado, fica a observação sobre como a trama dessas histórias se relaciona com a da ave que renasce das cinzas. Mesmo não sendo uma relação direta, ainda há um certo respeito ao conceito original. Aliás, sobre isso vale ressaltar como essa figura mitológica já serviu de inspiração para diversas tramas e personagens na cultura pop. Nas HQs dos X-Men, a fênix é uma entidade cósmica de imenso poder que já teve diversos mutantes como seus hospedeiros sendo Jean Grey a mais conhecida de todos eles. Nos cinemas, a personagem já foi interpretada por Famke Janssen e Sophie Turner.

Já na mitologia egípcia, a fênix é um ser que se reproduz sozinho após passar por um processo que termina com a sua morte assim como explica novamente Thomas Bulfinch:“Depois de ter vivido quinhentos anos faz um ninho de ramos de um carvalho ou no alto de uma palmeira. Nele ajunta cinamomo, nardo e mirra, e com essas essências constrói uma pira sobre a qual se coloca, e morre, exalando o último suspiro entre os aromas. Do corpo da ave surge uma jovem fênix, destinada a viver tanto quanto a sua antecessora.” 

Enfim, esses exemplos são apenas alguns dentre vários deste amplo tema que é a releitura mitológica nas histórias em quadrinhos. Independente de qual seja a mitologia, é certo que suas histórias cheias de heróis e criaturas fantásticas servirão por muito anos como fonte de inspiração para a nona arte.

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Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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