Nem todos os heróis usam capas, possuem superpoderes ou vieram de outro planeta. Alguns estão no meio de nós todos os dias e trabalham incansavelmente para salvar vidas enquanto arriscam a própria. Às vezes, você pode até ser um deles mesmo sem saber ou buscar reconhecimento por isso. Outros podem surgir no momento certo para atender algum chamado para ação. Independente desses detalhes, é importante ressaltar o quanto essas pessoas merecem ser homenageadas. Nos quadrinhos e em outras mídias isso já aconteceu em alguns momentos bem interessantes. Por isso, não é toa que em alguns casos temos além dessas homenagens referência ao super-heroísmo dos quadrinhos e até mesmo “crossovers”.

O primeiro exemplo a ser comentado neste artigo é mais atual. No dia 28 de abril, a Marvel Comics divulgou em seu twitter uma arte de Mike Hawthorne (desenho) e Edgar Delgado (cores) em que diferentes tipos de trabalhadores tidos como essenciais neste momento de pandemia do novo coronavírus são retratados como super-heróis. Em destaque, na linha de frente vemos uma médica, uma enfermeira e um policial observando o horizonte e os desafios que precisam lidar diariamente. O mais curioso dessa publicação está no fato de ter sido feita em uma data simbólica nos EUA conhecida como National SuperHero Day, criada justamente para homenagear heroísmo da ficção e da vida real.

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Obviamente, esta não é a primeira vez que pessoas comuns ganham certo destaque em alguma arte da editora conhecida por Vingadores e Homem-Aranha. Aliás, foi na revista do escalador de paredes que em 2001 tivemos uma história na qual os heróis da vida real dividiam espaço com os “supers” tal qual acontece em um crossover. Com roteiro de J. Michael Straczynski e desenhos de John Romita Jr,  Amazing Spider-Man #36 mostrou o herói junto com outros personagens ajudando no resgate das vítimas e na retirada dos escombros do  World Trade Center onde ocorreu o fatídico atentado terrorista. Em foco, policiais, médicos e paramédicos realizando de forma nobre seu trabalho. No Brasil, a história foi publicada um ano depois pela Panini com o título Homem-Aranha – Em memória das vítimas do 11 de setembro. Para mais exemplos sobre o impacto do 11/9 nos quadrinhos sugiro este artigo do Marcus Ramone para o UniversoHQ.

O terceiro e último exemplo fica por conta de um ato heroico ocorrido ano passado. Trata-se da história de Leiliane Rafael da Silva. Para quem não a conhece ou não se lembra, ela foi a mulher que se arriscou para salvar a vida do motorista de caminhão João Adroaldo no acidente em que morreram o jornalista Ricardo Boechat e o piloto de aeronave Ronaldo Quattrucci. Esses nomes são importantes por causa da história dela que na época estava diagnosticada com uma doença rara, algo que tornou sua atitude ainda mais heroica. Tal feito não poderia passar batido e por isso o desenhista Angelo France fez uma arte no qual Leiliane se torna a Mulher-Maravilha enquanto salvava João. É notório ver como a maior super-heroína dos quadrinhos encaixou perfeitamente na homenagem, ainda mais atualmente já que seu nome têm estado em alta desde o lançamento do seu primeiro filme. Para mais informações sobre a história de Leiliane, recomendo esta postagem especial do Blog Olhar Receptor.

 

É por todos esses exemplos destacados que não encontro outra maneira para encerrar este artigo do que homenagear o heroísmo da vida real com uma dupla referência. No caso uma frase sábia da Tia May em Homem-Aranha 2 (2004) e um trecho de Heroes do David Bowie. Afinal de contas, são graças a essas pessoas que podemos acreditar que há realmente um herói em cada um de nós, alguém que nos mantém fortes e íntegros diante das adversidades mesmo que só por um dia que por sua vez inspira todos os outros.

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Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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