O livro Último Turno encerra a trilogia denominada como Bill Hodges que leva o nome de seu protagonista. Na verdade é muito estranho encarar os três livros como uma trilogia corrida, levando em conta que o segundo volume vai por um caminho muito diferente dos outros dois e o personagem de Bill só aparece na metade final da história. De qualquer forma a trilogia como um todo é muito inventiva e os dois outros livros já foram resenhados aqui no site  você encontrará os links ao longo do texto.

Após ser brutalmente espancado enquanto tentava causar uma grade explosão durante um show, o psicopata Brady Hartsfield sofreu um grave dano cerebral e entrou em estado vegetativo. O que não imaginava é que um médico do hospital em que ele está internado começa a usá-lo como cobaia de um novo remédio experimental. Não se sabe ao certo se foram os medicamentos ou os golpes, mas o psicopata descobre que ganhou poderes mentais e de telecinese. Com novas possibilidades a frente ele decide usar as novas habilidades para se vingar do detetive Bill Hodges e matar o máximo de pessoas possíveis.

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Ter um vilão que literalmente não consegue levantar da cama certamente não é sua ideia de história movimentada. Mas acredite, Último Turno é de tirar o fôlego. Chega a ser assustador como King arquiteta o plano maligno de Brady. Ao longo da leitura é possível se pegar pensando se o autor possui algum grau de psicopatia e que o extravasa através da ficção. Nesta história temos uma das tramas malignas mais bem elaboradas da década.

Como já estamos num terceiro livro com os mesmos personagens já temos tudo muito bem definido, o que permite o autor se focar exclusivamente no desenrolar dos fatos. Boa parte da narrativa é para explicar o plano do vilão, e quem não gosta do estilo altamente descritivo de King talvez se incomode. Mas para aqueles que sabem apreciar é um deleito ver como cada detalhe é minimamente pensado. Geralmente o termo thriller é usado para qualquer filme que tenha um leve suspense que se estende até os últimos capítulos, mas aqui o termo cabe como uma luva. É impossível parar de virar as páginas (outro clichê para descrever livros).

O “único” problema desta história são alguns conceitos utilizados por ela. Em dado momento o tema suicídio é utilizado, mas ele está misturado a outros conceitos sobrenaturais que são tema do livro. Em alguns pontos eu questionei bastante a forma como o suicídio era retratado, mas logo entendi que ele estava muito atrelado ao tom sobrenatural do livro. Se este é um tema muito delicado para você talvez se sinta incomodado com a trama. Mas não se preocupe, não ocorre nenhum tipo de glorificação ou embelezamento do suicídio. Trata-se de uma história pesada e que pode ser como um soco no estômago para alguns. É um pouco difícil entrar em detalhes, de modo geral, sobre a trama do livro em si, pois este é justamente o final de uma trilogia.  

É impossível ler esse livro sem ter pelo menos lido o Mr. Mercedes. Até que é possível pular o segundo volume, Achados e Perdidos, mas eu não recomendo isso, pois ele é o melhor dos três. É completamente chocante o quanto King se mantém totalmente inventivo e ainda no seu auge de escrita. A trilogia Bill Hodges merece ser lida por qualquer fã do autor e um ótimo começo para quem não o conhece.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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