O mito do vampiro sempre existiu em diversos cantos do mundo e, de certa forma, faz parte do inconsciente coletivo da humanidade. Hoje em dia ele virou uma espécie de monstro que já foi imaginado e re-imaginado diversas vezes. Filmes, livros e séries de vampiro já são quase uma temática independente que flerta entre diversos gêneros, que vão desde o mais clássico Terror até boas comédias, como “O Que Fazemos Nas Sombras” (que nós falamos aqui).

Entretanto, outras figuras do imaginário popular não tiveram a mesma sorte que os vampiros, ao receberem uma obra que formalizasse o mito e o desse um rosto, um porquê e um nome: Drácula. O vampiro deixa de ser qualquer monstro e ganha uma narrativa que solidifica toda a sua mitologia. Bram Stoker escreveu sua obra prima em 1897 e desde seu lançamento foi um gigantesco sucesso. A história do lorde da Transilvânia logo transbordou para outras mídias, que na época se resumia ao teatro. Com a popularização do cinema, o personagem foi um dos primeiros a ganhar adaptações cinematográficas onde sua fama só crescia, fazendo o conceito do vampiro ficar cada vez mais sedimentado no imaginário.

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O livro de Bram foi contado e recontado diversas vezes. A figura do Drácula, assim como a do vampiro em si, foi mudando com o passar do tempo e sofrendo diversas alterações. Tudo só se intensificou quando o livro caiu em domínio público, o que permitiu que qualquer um o adaptasse da forma que bem entendesse. Nesta lista só coloquei obras que tentam, de alguma forma, utilizar a figura do Drácula em suas histórias. Não é uma lista sobre versões curiosas de vampiros, pois essa seria muito mais abrangente. Vamos ver o quão distante foi o personagem imaginado por Stoker.

Nosferatu (filme de 1922)

Temos um texto inteiro sobre esse filme aqui, que você pode ler com informações mais aprofundadas. Basicamente ele está nesta lista porque é uma versão alemã do Drácula. Todos os personagens, incluindo o próprio vampiro, são alterados para versões alemãs, pois este filme era uma versão pirata que não tinha autorização dos donos dos direitos para ser feito. Em vez de Drácula, temos aqui o conde Orlok, que tem um visual tenebroso e talvez um dos vampiros mais assustadores de todos os tempos.

Don Drácula (mangá e anime)

Um mangá de autoria de Ozamu Tesuka, talvez um dos maiores animadores de todos os tempos e o pai do anime. É o criador do icônico Astro Boy e também brincou com o personagem Drácula em seu mangá “Don Drácula”. A brincadeira era imaginar o famoso vampiro voltando à vida no Japão dos anos 80 com sua filha. As histórias são totalmente cômicas, onde Drácula tenta achar um pescoço feminino para se satisfazer. Temos até a participação de um descendente de Van Helsing, que sofre de ataques crônicos de hemorróidas. O anime passou aqui no Brasil nos anos 80, e a editora New Pop publicou todos os mangás do personagem compilados em três volumes.

Drácula da Marvel

Muita gente pode não saber, mas por muito tempo a Marvel fazia um grande sucesso com histórias de monstros, assim como a DC e diversas outras editoras de quadrinhos. Os monstros clássicos já tiveram grandes explosões de popularidade nos anos 50 e 60. Drácula acabou por se tornar um personagem importante dentro do Universo Marvel e já se encontrou com diversos heróis. Sua aparição se deu na edição 7 da revista “Suspense”, e desde então sua popularidade só foi crescendo, até ganhar revista própria, onde surgiu o personagem Blade. Drácula já lutou com diversos heróis da editora, como X-men, Homem Aranha, Doutor Estranho, Surfista Prateado, Hulk e até o Deadpool.

Castlevania

Mais uma versão japonesa do Conde, mas dessa vez nos vídeo games. Castlevania é um clássico que gradativamente foi adensando sua mitologia com o passar dos jogos.  Nesta versão, Drácula, e todos os outros seres sobrenaturais, são bem mais poderosos. Tudo o que gerou esse universo é mais cósmico, envolvendo deuses das sombras e da luz. Drácula não é o mais poderoso desse mundo, mas é capaz de feitos fantásticos e controlar diversas outras criaturas.

Drácula do Batman

Existe uma boa quantidade de histórias que misturam o Cavaleiro das Trevas com outros personagens famosos ou situações de contextos bizarros. Já fizemos um texto sobre isso que você pode ler aqui, e lá eu citei o Batman vampiro. Na história “Chuva Rubra”, Drácula chega a Gotham para começar seu império vampiro. Mortal, sensual e diabólico como o personagem deve ser. Um detalhezinho interessante é a preocupação de Drácula em não sugar sangue de viciados ou pessoas com doenças sexualmente transmissíveis, pois desejava beber sangue puro. Temos uma animação “Batman vs Drácula” que é bem mais infantil, porém divertida. 

Drácula Untold (filme de 2014)

Talvez um dos filmes mais fracos com o personagem. Nesta história, somos apresentados ao Conde antes de sua história no século XIX, na Idade Media, quando ele se tornou um vampiro. A ideia era fazer uma espécie de Drácula “ano um”, o que era um conceito sensacional, mas o roteiro ignorou qualquer tipo de mitologia, ou até mesmo sentido, deixando o personagem bastante raso e exagerado. Esse filme tenta iniciar um universo compartilhado dos monstros clássicos e parece que esse ano o novo filme da Múmia fará parte desse universo.

Blacula (filme de 1972)

Talvez um dos casos mais curiosos da lista e mais interessantes. Blacula é um príncipe africano que se torna um vampiro e justamente quem o amaldiçoa é o próprio Drácula. O filme tenta fazer uma modernização do conceito clássico, colocando um príncipe africano para viver o drama gótico em Los Angeles. O filme faz parte da onda blaxploitation e apresentou o primeiro casal gay de vampiros no cinema.


Drácula é um assunto tão rico que é até difícil catalogar os casos mais curiosos. Fico naquela dúvida entre algumas versões que são só um pouco diferentes, mas ainda se mantêm fiel ao livro clássico. É difícil não confundir com obras que não se tratam de Drácula, e sim de vampiros. Se você lembra de mais algum, comente aqui e espero fazer uma outra lista só com obras que subvertem a temática vampiro como um todo. 

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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